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Adequação Climática Resultados
4.1. Aplicação do programa ANALYSIS (1994): Constitui-se
de dados referentes ao clima de
Florianópolis com a definição das estratégias bioclimáticas.
Com a utilização desta ferramenta computacional, chegamos as
seguintes definições:
Os dados obtidos pelo programa Analysis, demonstraram conforme o exemplo citado na metodologia, através do ano climático adotado (ACR), que Florianópolis apresenta no geral (8760 horas), um desconforto térmico em 79,2% das horas analisadas, muito maior que o conforto com 20,8% das horas (ver Fig. 12). Os meses que se
apresentam com maiores índices de conforto são pela ordem decrescente: Maio,
com 29,8% de conforto e juntos, com 28,6% de conforto, estão os meses de
Abril e Dezembro.
Fig.
20: Desconforto (frio x calor) Em Florianópolis,
experimenta-se tanto desconforto pelo frio como pelo calor;
dos 79,2% de desconforto, 40,7% é provocado pelo frio e 38,2% pelo
calor (ver Fig. 13). Isto
reforça ainda mais a dificuldade de se projetar em um clima dessa natureza.
O caráter temperado de seu clima, confere a ilha de Santa Catarina,
uma oscilação térmica amena entre um verão quente e um inverno frio
(GOULART et al, 1994). Os meses que apresentam
os maiores índices de desconforto pelo calor são na ordem: Janeiro, com
88,4%; Fevereiro, com 86,6% e Março, com 81,3%.
Enquanto os maiores índices de desconforto pelo frio são: Agosto, com
76,9%; Julho, com 74,4% e Junho com 71,5% (ver Fig. 13).
Fig.
21: Distribuição da recomendação das estratégias bioclimáticas ao longo
do ano
A análise desenvolvida
através do programa Analysis (1994)
permitiu a identificação das estratégias bioclimáticas mais eficientes
para Florianópolis (ver Fig. 14). De acordo com o ano climático adotado para Florianópolis, a estratégia de Aquecimento Artificial (ver Fig.14) se torna necessária apenas para os meses de inverno (de maio até agosto), sendo no mês de junho sua maior importância (8,6%). Já o Aquecimento Solar
Passivo (ver Fig. 14) é a estratégia recomendada do mês de abril até
Novembro. Também é no mês de
Junho que alcança seu maior índice (62,8%). A estratégia de
Umidificação não é aconselhável para o clima de Florianópolis, em
virtude de ela agravar, ainda mais, o elevado nível de umidade relativa. Outra estratégia
indicada para o combate do desconforto pelo frio é a Massa Térmica para
Aquecimento, que aparece aliada ao Aquecimento Solar Passivo (ver Fig. 14).
Sua utilização é significativa no clima de Florianópolis,
principalmente nos meses de Julho (61,5%), Agosto (61,6%) e Setembro (61,9%). Assim como a Massa
Térmica/ Aquecimento Solar Passivo tem presença garantida no combate ao
frio, a Ventilação, associada ao sombreamento, é a estratégia principal
para o combate ao calor. A
Ventilação (ver Fig. 14) se torna necessária em todos os meses do ano,
inclusive no inverno, onde ameniza os altos índices de umidade.
Suas maiores porcentagens aparecem nos meses do verão: Fevereiro
(80,8%), Janeiro (76,1%) e Março (74,3%), respectivamente. A estratégia de
Resfriamento Evaporativo (ver Fig. 14) é indicada apenas para o mês de
Março com a porcentagem insignificante de 0,1%.
Assim como a Umidificação, o Resfriamento Evaporativo aumenta a
umidade, sendo assim, não é aconselhável para o clima de Florianópolis. Quando não se consegue
atender ao conforto por nenhuma estratégia de resfriamento natural ou pela
própria presença de ventos, se faz uso do Ar Condicionado (ver Fig.14); o
que pode acontecer nos meses de Novembro, Dezembro, Janeiro, Fevereiro e
Março. Os três primeiros meses
do ano são os que necessitam mais deste recurso: Janeiro (11,2%), Fevereiro
(4,7%) e Março (3,8%). A estratégia de
Ventilação conjugada com Massa Térmica (ver Fig. 14) é aconselhável para
os meses de Março, Abril e Dezembro, assim mesmo, com índice desprezível de
0,1%. Pesquisas recentes
(ANDRADE, 1996), têm detectado que esta última estratégia pode ser bem mais
eficaz do que o método estima. Nos meses de Novembro,
Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio e Junho, a estratégia de
Ventilação/ Massa Térmica/ Resfriamento Evaporativo (ver Figura 14) é
indicada, mas com índices pouco expressivos;
Dezembro apresenta o maior índice (3,4%). As estratégias de
Resfriamento Evaporativo e Massa Térmica para Resfriamento não aparecem como
recomendadas para o clima de Florianópolis.
Cabe salientar que do mesmo modo que a Massa Térmica, o Resfriamento
Evaporativo tem sido usado, na prática, com relativa eficiência.
Ex.: Hospital Rede Sara Kubitschek, Salvador/BA.
4.2
Realização das medições e monitorações no Conjunto Bela Vista: Como principais resultados encontrados neste período da pesquisa estão os dados climáticos provenientes das monitorações. Foram monitoradas oito unidades habitacionais, quatro casas (Conjunto Habitacional Bela Vista I e II) e quatro apartamentos (Conjunto Habitacional Bela Vista IV), em dois períodos distintos. A monitoração de verão ocorreu entre os dias 21/01a 30/01/1998 e a de inverno, ocorreu no período de 23/07/1998 a 03/08/1998. Ao todo foram colhidas em torno de 2500 leituras simultâneas (com um intervalo de captação de 10 a 12 minutos) de 20 aparelhos levados a campo no verão e de 27 aparelhos no inverno, perfazendo um total de 57 mil dados monitorados, dos quais em torno de 41500 dados são de temperatura e 15500 dados são de umidade relativa. Para efeito comparativo
entre o comportamento de unidades habitacionais unifamiliares (casas) e
multifamiliares (apartamentos), trabalhou-se com gráficos distintos para os
aparelhos locados nas casas e para os aparelhos locados nos apartamentos nos
dois períodos monitorados. Considerou-se
como zona de conforto o intervalo que vai de 18ºC a 27ºC de acordo com a
zona adotada pelo programa Analysis
(ANALYSIS, 1994). O método adotado pelo programa é o de Watson e Labs (WATSON
e LABS, 1983), mas utilizando-se a carta de Givoni (GIVONI, 1992) para países
em desenvolvimento, visando a obtenção das estratégias de resfriamento. Dos 20 aparelhos utilizados no verão, dois apresentaram problemas técnicos durante a monitoração, não sendo aproveitados os seus dados. Já, no inverno, três dos 27 aparelhos levados a campo, apressentaram problemas . As Tab. 2 e 3 mostram todas as unidades monitoradas com a citação da localização (ponto) do aparelho nos cômodos das unidades habitacionais.
Tab. 2: Aparelhos nos apartamentos
Tab. 3: Aparelhos nas casa
A Tabela 2 apresenta os aparelhos com suas denominações, a variável medida, o proprietário da unidade onde o aparelho esteve locado, a tipologia da unidade e o período monitorado.
Tab. 4: Organização dos aparelhos nas
monitorações
O desenho com o lay-out de cada unidade monitorada,
executado através do levantamento dos dados das medições, estão
apresentados como próximos resultados. A locação
dos aparelhos em cada unidade habitacional monitorada com os respectivos
pontos em que ocorreram as monitorações estão expostas nas Fig. 15, Fig.
16, Fig. 17 e Fig. 18 para as casas e nas Fig. 19, Fig. 20, Fig. 21 e Fig. 22
para os apartamentos.
Fig. 22:
Planta-baixa da casa (Elza)
Fig. 24: Planta-baixa da casa (Maria)
Fig.
25: Planta-baixa da casa (Aci)
Fig.
27: Planta-baixa do apartamento (Célia)
Fig.
28: Planta-baixa do apartamento (Ronei)
Fig.
29: Planta-baixa do apartamento (Soni) 4.2.1
Monitorações de verão Como resultado dos dados coletados nas monitorações de verão, serão apresentados abaixo alguns gráficos e discussões a respeito dos mesmos.
Gráf. 1: Dados de temperatura de todas as unidades monitoradas
- A
tipologia das casas analisadas se caracteriza por unidades isoladas no lote, o
que favorece a exposição das quatro fachadas e da cobertura às intempéries
de modo similar para todas as unidades. Isso parece explicar o seu desempenho
semelhante em relação à variação
da temperatura interna; - Nos apartamentos a tipologia adotada caracteriza-se por quatro unidades por pavimento com plantas-baixas rebatidas duas a duas, sendo que cada unidade possui duas fachadas expostas às intempéries. O desempenho diferenciado das temperaturas internas parece decorrer da diferença de orientação das fachadas externas, do nível de sombreamento e da diferença de cota.
Gráfico de temperaturas – Casas (Gráf. 2): - Os
oito aparelhos apresentaram pequena variação entre si em cada momento da
monitoração, principalmente nos trechos ascendentes das curvas; -
Através da observação do gráfico de temperatura das casas, foram
escolhidos, comparativamente, os aparelhos representativos das temperaturas
maiores (02 – Maria), médias (H6 – Luiz) e menores (H7 – Elza). Verificou-se que, ao longo de todo o período de
monitoração, a variação entre os valores de temperaturas destes aparelhos
se mostrou muito pequena não ultrapassando 2ºC (Gráf. 3);
Gráf. 3: Dados de temperatura maior/média/menor das
casas - Os
picos máximos das temperaturas internas se aproximam dos picos da temperatura
externa em momentos praticamente coincidentes, sendo que, em alguns casos,
ultrapassam a temperatura externa; - Os
picos mínimos também acontecem em momentos praticamente coincidentes, porém
há um distanciamento acentuado entre a temperatura externa e as temperaturas
internas, sendo que a temperatura externa possui valores mais baixos em todos
os momentos; - Nos
momentos em que a temperatura externa decresceu mais, se deram os maiores
distanciamentos entre os picos mínimos de temperatura externa e interna.
Supõe-se que este fato se deve à falta de ventilação interna
durante o período noturno (janelas fechadas por motivo de segurança e
privacidade); - H7 da
Elza (sala), de modo geral, apresentou os picos mínimos de temperatura
interna mais baixos. Quanto aos
picos máximos apresenta-se entre os mais elevados.
ü Gráfico de temperaturas – Apartamentos (Gráf. 4):
Gráf.
4: Dados de temperatura coletados nos apartamentos
Gráf.
5: Dados de temperatura maior/menor dos apartamentos
- O fato
do aparelho P2 - Dalila ter apresentado os maiores valores de temperatura
está associado a ele ter ficado, durante a maior parte do período de
monitoração, em um ambiente fechado e sem ventilação; - O
aparelho A1 – Ronei, apresentou valores excessivos em suas primeiras
leituras por motivos desconhecidos. Já
o aparelho H4 - Célia apresentou valores constantes entre os dias 25 e 26,
devido a problemas não identificados; - Os
picos máximos das temperaturas internas se deram em momentos praticamente
coincidentes com os picos da temperatura externa, sendo que os aparelhos com
valores mais elevados se aproximam dos valores de temperatura externa nos
picos máximos; - Os
picos mínimos também acontecem em momentos praticamente coincidentes, porém
há um distanciamento acentuado entre a temperatura externa e as - Nos
momentos em que a temperatura externa decresceu mais, se deu maior
distanciamento entre os picos mínimos de temperatura externa e interna.
Supõe-se que este fato se deve à precariedade de ventilação interna
durante o período noturno; - No
momento em que a temperatura externa atingiu o seu menor pico máximo, todas
as temperaturas internas apresentaram picos superiores à temperatura externa.
Este fato se deu no dia seguinte ao maior pico máximo da temperatura externa.
ü Gráfico de temperaturas - Apartamentos Térreos (Gráf. 6): - As
temperaturas dos diferentes aparelhos variam de modo praticamente uniforme com
uma diferença que chega aproximadamente a 4ºC nos trechos descendentes das
curvas. Os dois aparelhos
orientados a SE (H4 - Célia e H5 - Ronei) apresentaram os menores valores de
temperaturas, geralmente com uma diferença não superior a 1ºC. O aparelho H4 - Célia se manteve praticamente em todo o
período com valores de temperatura abaixo do aparelho H5 – Ronei;
Gráf. 6: Dados de temperatura dos apartamentos
térreos ü Gráfico de temperaturas - Apartamento Cobertura (Gráf: 7): - As curvas de temperatura dos dois aparelhos cruzam-se em
vários pontos sendo que predomina, na maior parte da monitoração, uma
diferença não superior a 1ºC, apesar
destes aparelhos estarem voltados para orientações distintas: SE (H2 –
Soni) e NE (A3 – Soni). Estes
fatos parecem demonstrar que a cobertura exerce maior influência sobre a
temperatura interna do que a orientação nos apartamentos de cobertura;
Gráf. 7: Dados de temperatura dos
apartamentos de cobertura
ü Gráfico de temperaturas – Orientação NE (Gráf. 8): - As
curvas de temperatura dos dois aparelhos se cruzam em vários pontos, sendo
que predomina, na maior parte da monitoração, uma diferença não superior a
1ºC; - O
comportamento das curvas foi inesperado tendo em vista que um aparelho estava
em apartamento térreo (H1 – Célia) e o outro em apartamento de cobertura
(A3 – Soni). O apartamento
térreo estava sujeito ao sombreamento provocado pelos blocos vizinhos (A e E)
situados praticamente no mesmo nível que o bloco analisado (B).
O afastamento entre os blocos A e B é de nove metros.
O apartamento de cobertura não estava sujeito ao sombreamento dos
Gráf.
8: Dados de temperatura na orientação nordeste ü Gráfico de temperaturas – Orientação SO (Gráf. 9): - As
curvas de temperatura dos dois aparelhos (H0 – Dalila e A1 – Ronei) se
cruzam em vários pontos, sendo que predomina na maior parte da monitoração
uma diferença não superior a 1ºC. Já
a curva de temperatura do aparelho P2 – Dalila apresenta valores sempre
superiores aos demais, sendo que a diferença ultrapassa 1ºC; - A
diferença de nível (térreo e segundo andar) parece ter causado pouca
influência na variação da temperatura interna destes aparelhos. O comportamento observado parece ter sido mais influenciado
pelas condições
Gráf. 9: Dados de temperatura na orientação sudoeste
ü Gráfico de temperaturas – Orientação SE (Gráf. 10): - Os
dois aparelhos situados no pavimento térreo (H4 - Célia e H5 - Ronei)
apresentaram os menores valores de temperaturas, geralmente com uma diferença
não superior a 1ºC. O aparelho
H4 - Célia se manteve praticamente em todo o período com valores de
temperatura abaixo do aparelho H5 - Ronei.
Apenas estes dois aparelhos registraram temperaturas inferiores a
28ºC. - As curvas dos maiores valores de temperatura (H0 – Dalila e H2 – Soni) se cruzam em vários pontos, sendo que predomina, na maior parte da monitoração, uma diferença não superior a 1ºC. O fato destes dois aparelhos apresentarem as temperaturas mais elevadas parece ser explicado pela localização de um deles em apartamento de cobertura (H2 – Soni) e do outro (H0 – Dalila) em um ambiente com janelas fechadas, sem renovação de ar.
ü Gráfico das amplitudes térmicas: - Do dia 23 ao 28 a
amplitude da temperatura externa variou entre 6,4ºC a 9,0ºC.
Já no dia 29 foi de 3ºC (Gráf. 11); - As amplitudes
registradas pelos aparelhos locados nas casas oscilaram, na maior parte do
período de monitoração, na faixa de 2ºC
a 4ºC, sendo que em alguns momentos chegaram a ultrapassar 5ºC C (Gráf.
11); - As amplitudes
registradas pelos aparelhos locados nos apartamentos oscilaram, na maior parte
do período de monitoração, na faixa de
1ºC a 3ºC, sendo que em nenhum momento ultrapassaram
4ºC (Gráf. 12); - A diferença de
amplitudes entre as casas e os apartamentos parece ser decorrente das
características de cada tipologia. A tipologia das casas analisadas se
caracteriza por unidades isoladas no lote, de modo que as trocas de calor com
o meio externo se dão através das quatro fachadas e da cobertura. Nos
apartamentos, as trocas de calor se dão apenas por meio de duas fachadas,
exceto nos apartamentos de cobertura, que possuem uma terceira superfície
exposta; - As amplitudes registradas pelos aparelhos locados nas casas apresentaram um comportamento semelhante entre si, exceto o aparelho H7 – Elza, que geralmente apresentou valores superiores aos demais aparelhos;
Gráf. 12: Amplitude térmica dos apartamentos - Observou-se que as
amplitudes registradas nas casas oscilaram de modo proporcional à oscilação
da amplitude da temperatura externa, no mesmo dia. A baixa massa térmica da
envoltória das casas deve ter contribuído para a ocorrência deste fato; - As amplitudes
registradas pelos aparelhos locados nos apartamentos apresentaram um
comportamento variado entre si, e sem correspondência direta com as
oscilações da amplitude da temperatura externa. Não houve nenhum aparelho
que permaneceu durante todo o período de monitoração com as amplitudes mais
altas ou mais baixas que os demais aparelhos.
ü Gráficos que relacionam temperatura e horas de desconforto
Gráf. 13: Número de horas de desconforto
- Os apartamentos
apresentaram maior número de horas de desconforto que as casas. Dos oito
aparelhos locados nos apartamentos, apenas dois apresentaram valores
inferiores a 27ºC ao longo do período de monitoração de 191 horas (H4 –
Célia = 150 horas; H5 – Ronei = 190 horas). Esses dois aparelhos estavam
locados em apartamentos térreos. - Dos oito aparelhos locados nas casas, sete apresentaram valores inferiores a 27ºC, oscilando entre 159 horas (H7 – Elza) e 186 horas (A5 – Aci). O único que apresentou 100% de horas de desconforto foi o aparelho H9 – Maria.
- Multiplicando-se as horas de desconforto e a quantidade de graus
Celsius superior a 27, verificou-se que seis aparelhos locados nos
apartamentos obtiveram os maiores resultados, oscilando entre 470,30 (H2 –
Soni) e 712,23 ºC x horas (P2 – Dalila). Apenas um aparelho locado em
apartamento obteve resultado inferior aos das casas (H4 – Célia = 199,63
ºC x horas). Os resultados
obtidos nas
casas oscilaram
entre 310,52 ºC x horas (H6 – Luiz) e 453,58 ºC x horas (A5 – Aci).
- A intensidade de
desconforto foi medida através da média ºC x horas de desconforto dividido
pelas horas de desconforto. Os mesmos seis aparelhos locados em apartamentos,
acima mencionados, apresentaram intensidades superiores às das casas,
oscilando entre 2,46ºC (H2 – Soni) e 3,73ºC (P2 – Dalila) [Gráf. 15].
Os resultados obtidos nas casas oscilaram
entre 1,77 ºC (H6 – Luiz) e 2,44ºC (A5 – Aci). A intensidade
média de desconforto da temperatura externa foi de 2,99 ºC, em virtude da
sua grande amplitude térmica. - Em termos gerais, o
melhor desempenho das casas em relação aos apartamentos parece ser devido a
sua maior capacidade de liberar calor durante à noite e assim baixar a
temperatura interna ao ponto de atingir o conforto.
4.2.2
Monitorações de inverno Como resultado dos dados coletados nas monitorações de inverno, serão apresentados abaixo alguns gráficos e discussões a respeito dos mesmos.
Gráf. 16: Dados de temperatura de todas as unidades monitoradas
ü Gráfico de temperaturas – Casas (Gráf. 17): - As curvas de
temperatura interna acompanharam proporcionalmente a variação da temperatura
externa em momentos praticamente coincidentes. Pode-se observar que há uma
tendência de aproximação das curvas nos trechos ascendentes e de um
distanciamento nos trechos descendentes. - Os valores de
temperatura interna obtidos ao longo das monitorações se concentraram na
faixa que vai de 16ºC a 22ºC. -
Verificou-se que, ao longo de todo o período de monitoração, a maior
diferença entre os valores de temperaturas ocorreu no dia 28/07 ultrapassando
4ºC internas (H6 – Luiz , valor mais alto; H7 – Elza, valor mais baixo).
Gráf.
17: Dados de temperatura coletados nas casas
- Os picos mínimos
também acontecem em momentos praticamente coincidentes, porém há um
distanciamento acentuado entre a temperatura externa e as temperaturas
internas, sendo que a temperatura externa possui valores mais baixos em todos
os momentos. A diferença entre o menor pico mínimo interno e o pico mínimo
da temperatura externa é de aproximadamente 2ºC, ao longo do período de
monitoração. O menor pico mínimo da temperatura externa foi de 11,4ºC no
dia 30/07, enquanto o de temperatura interna foi de 14,2ºC no mesmo dia (H7
– Elza). - O
aparelho H7 (Elza), de modo geral, apresentou os picos mínimos de temperatura
interna mais baixos. Quanto aos
picos máximos apresenta-se entre os mais elevados. - Em alguns trechos superiores a 12 horas, o aparelho H9 -
Maria apresentou valores constantes, devido a problemas não identificados. ü Gráfico de temperaturas – Apartamentos (Gráf. 18): - De um modo geral, as
curvas de temperaturas internas tiveram oscilações bem menores que as da
temperatura externa. Em vários momentos, ocorrem cruzamentos entre as curvas
de temperatura interna, o que revela que não há uma tendência dos aparelhos
manterem-se ao longo da monitoração entre os valores mais baixos ou mais
altos. O aparelho H5 – Ronei foi uma exceção, pois apresentou-se com os
menores valores de temperatura interna durante praticamente todo o período de
monitoração.
Gráf.
18: Dados de temperatura coletados nos apartamentos
- Verificou-se que, ao
longo de todo o período de monitoração, a maior diferença entre os valores
de temperaturas internas ocorreu no dia 30/07 ultrapassando 4ºC (B4 – Soni
, valor mais alto; H5 – Ronei, valor mais baixo). - As temperaturas internas não apresentam picos máximos ou mínimos
bem definidos. O maior pico máximo da temperatura externa foi de 25,6ºC no
dia 26/07, enquanto que a maior temperatura interna foi de 22,2ºC no dia
26/07 (B4 – Soni). O menor pico mínimo da temperatura externa foi de
11,4ºC no dia 30/07, enquanto o de temperatura interna foi de 15,7ºC no
mesmo dia (H5 – Ronei). - Em alguns trechos superiores a 12 horas, os aparelhos H0
– Dalila, H5 – Ronei, A1
– Ronei e B2 – Dalila apresentaram valores constantes, devido a problemas
não identificados.
ü Gráfico de temperaturas - Apartamentos Térreos (Gráf. 19): - Os aparelhos apresentaram valores
muito próximos entre si, com diferenças não superiores a 2ºC, e com
temperaturas praticamente sempre superiores a 18ºC, sendo que em vários
momentos as curvas se cruzam. A exceção foi o aparelho H5 – Ronei, que se
manteve em todo o período com valores de temperatura abaixo dos demais
aparelhos e chegou a registrar valores inferiores a 16ºC.
Gráf. 19: Dados de temperatura dos apartamentos
térreos
ü Gráfico de temperaturas - Apartamento Cobertura (Gráf: 20): - Os dois aparelhos
considerados apresentaram valores muito próximos entre si, com diferenças
não superiores a 1ºC, e com temperaturas praticamente sempre superiores a
18ºC, sendo que em vários momentos as curvas se cruzam. - No dia em que a
temperatura externa foi mais baixa (11,4ºC
em 30/07), a menor temperatura interna (H2 – Soni: 17,4ºC) alcançou
6,3ºC a mais. Neste dia, ocorreu a maior diferença entre picos mínimos de
temperatura, que foi de 6,8ºC (B4 – Soni: 18,2ºC). - Observou-se que o
comportamento das curvas dos aparelhos locados em apartamentos de cobertura
foi muito parecido com a maioria dos aparelhos locados em apartamentos
térreos. Isto pode ser comprovado pela aproximação entre os valores das
médias de temperaturas destes aparelhos. As médias dos 4 aparelhos locados
no térreo (exceto H5 – Ronei) variaram de 19,9ºC (B3 – Célia) a 20,3ºC
(H4 – Célia); enquanto que as médias dos 2 aparelhos locados na cobertura
variaram de 20,1ºC (H2 – Soni) a 20,2ºC (B4 – Soni).
ü Gráfico de temperaturas – Orientação SE (Gráf. 21): - As curvas de
temperatura apresentaram grandes variações entre si, chegando a diferença
de até 4,5ºC entre o aparelho B4 – Soni e H5 – Ronei às 15:00hs do dia
30/08. - O
aparelho H5 - Ronei manteve-se, praticamente em todo o período, com os
valores mais baixos de temperatura interna. Fazendo-se a média de todos os
valores de temperatura pelo número de horas monitoradas, obteve-se para este
aparelho a média de 18,5ºC. - Já,
nos picos de temperatura máxima revezaram-se diferentes aparelhos (H2 –
Soni, H4 – Célia, B3 – Célia e B4 – Soni) com os valores mais
elevados. O aparelho que apresentou temperaturas mais altas nos picos foi o
aparelho B4 – Soni. Entretanto,
o aparelho H4 - Célia (térreo) foi o que apresentou a maior média com
20,3ºC contra 20,2ºC do aparelho B4 – Soni (cobertura). - No dia em que a temperatura externa foi mais baixa (11,4ºC em 30/07),
a menor temperatura interna (H5 – Ronei: 16,3ºC) alcançou 4,9ºC a mais.
Neste dia, ocorreu a maior diferença entre picos mínimos de temperatura, que
foi de 8,1ºC (H4 – Célia: 19,5ºC).
Gráf.
21: Dados de temperatura na orientação sudeste
ü Gráfico de temperaturas – Orientação NE (Gráf. 22): - As
temperaturas internas apresentaram valores praticamente sempre superiores a
19ºC. As curvas de temperatura dos três aparelhos se cruzam em vários
pontos, sendo que predomina, na maior parte da monitoração, uma diferença
não superior a 1ºC. Entretanto,
percebe-se que o aparelho B4 - Soni (cobertura) é o que, predominantemente,
apresenta os maiores valores de temperatura ao longo do período de
monitoração com uma média de 20,2ºC.
Já o aparelho B3 - Célia é o que geralmente apresenta os valores
maios baixos (térreo) com uma média de 19,9ºC. - O
aparelho H1 - Célia foi o que se apresentou mais constante, variando cerca de
apenas 2ºC em todo o período de monitoração, enquanto que o aparelho B4 -
Soni e o B3 - Célia variaram aproximadamente 4ºC. - No dia em que a temperatura externa foi mais baixa (11,4ºC em 30/07),
a menor temperatura interna (B3 – Célia: 17,8ºC) alcançou 6,4ºC a mais.
Neste dia, ocorreu a maior diferença entre picos mínimos de temperatura, que
foi de 7,6ºC (H1 – Célia: 19,0ºC). -
Repetindo o que aconteceu nas monitorações de verão, não ocorreram grandes
diferenças de temperatura entre o apartamento térreo e o apartamento de
cobertura.
Gráf.
22: Dados de temperatura na orientação nordeste
ü Gráfico de temperaturas – Orientação SO (Gráf. 23): - As
curvas de temperatura dos três aparelhos (H0 – Dalila, P2 - Dalila e A1 –
Ronei) apresentaram uma variação praticamente homogênea durante a maior
parte do período analisado, com poucos cruzamentos entre as curvas, exceto
nos picos máximos. - De uma
maneira geral, a curva do aparelho A1 - Ronei é a que se apresenta com
valores mais elevados (média de 20,1ºC), a curva do aparelho H0 - Dalila é
a que se apresenta com valores mais baixos (média de 19,1ºC) e a curva do
aparelho P2 - Dalila com valores medianos (média de 19,7ºC).
Entretanto, na maior parte dos picos máximos, o aparelho P2 – Dalila
registra valores mais elevados de temperatura do que o aparelho A1 – Ronei. - No dia em que a temperatura externa foi mais baixa (11,4ºC em 30/07),
a menor temperatura interna (H0 – Dalila: 17,2ºC) alcançou 5,8ºC a mais.
Neste dia, ocorreu a maior diferença entre picos mínimos de temperatura, que
foi de 7,1ºC (A1 – Ronei: 18,5ºC).
Gráf.
23: Dados de temperatura na orientação sudoeste
ü Gráfico das amplitudes térmicas: - Do dia 26/07 ao dia
03/08 a amplitude da temperatura externa variou entre 4,8ºC (01/08) a 10ºC
(26/07). Já nos dias anteriores
a este período, a variação foi muito baixa e não ultrapassou 3ºC,
chegando nos dias 23 e 25 a ser menor que a amplitude de algumas temperaturas
internas. Isto pode ser
caracterizado como dias atípicos onde a amplitude térmica externa é muito
baixa e menor que a amplitude interna.
Gráf. 24: Amplitude térmica das casas
- As amplitudes
registradas pelos aparelhos locados nas casas (Gráf. 24) oscilaram desde
0,3ºC até 6ºC ao longo do período de monitoração, sendo que no dia 03/08
houve a maior diferença de amplitude (5,4ºC) entre o aparelho H7 – Elza e
o H9 – Maria. - As amplitudes
registradas pelos aparelhos locados nos apartamentos (Gráf. 25) oscilaram, na
maior parte do período de monitoração, na faixa de
0,3ºC a 2ºC, sendo que em único dia (27/07) o aparelho B3 – Célia
ultrapassou 3ºC. - A diferença de
amplitudes entre as casas e os apartamentos parece ser decorrente das
características de cada tipologia. A tipologia das casas analisadas se
caracteriza por unidades isoladas no lote, de modo que as trocas de calor com
o meio externo se dão através das quatro fachadas e da cobertura. Nos
apartamentos, as trocas de calor se dão apenas por meio de duas fachadas,
exceto nos apartamentos de cobertura, que possuem uma terceira superfície
exposta. - As amplitudes
registradas pelos aparelhos locados nas casas apresentaram uma variação
proporcional entre si, com o aparelho H7 – Elza apresentando, na maior parte
da monitoração, a maior amplitude, seguido do aparelho H6 – Luiz. O
aparelho H9 – Maria foi sempre o que apresentou menor amplitude com
exceção do dia 25/07.
Gráf. 25: Amplitude térmica dos apartamentos
- As amplitudes
registradas pelos aparelhos locados nos apartamentos não mantiveram uma
variação proporcional entre si e não apresentaram uma correspondência
direta com as oscilações da amplitude da temperatura externa. Nenhum
aparelho permaneceu durante todo o período de monitoração com as amplitudes
mais altas ou mais baixas que os demais aparelhos. Na maior parte do período,
o aparelho que apresentou maiores amplitudes foi o B3 – Célia seguido pelo
H2 – Soni. Os aparelhos B2 – Dalila e H1 – Célia foram os que
apresentaram as menores amplitudes médias. - O aparelho com maior
amplitude e o aparelho com menor amplitude estavam locados na mesma unidade
habitacional (Célia). ü Gráficos que relacionam temperatura e horas de desconforto - Foi adotado, como
limite mínimo de conforto, a temperatura de 18ºC, de acordo com a zona de
conforto estabelecida no programa Analysis. Para fins desta análise, este
limite de temperatura foi considerado para qualquer valor de umidade relativa
do ar. - A temperatura externa apresentou valores de desconforto pelo frio bem
superiores aos das unidades habitacionais, tanto na quantidade de horas de
desconforto (56,25%), quanto na intensidade média de desconforto (1,81ºC),
tendo alcançado 293,57ºC x horas de desconforto.
Gráf. 26: Número de horas de desconforto
Gráf. 27: Graus (ºC) x horas de desconforto
Gráf. 28: Média do desconforto = (ºC x horas de desconforto)/horas
de desconforto)
- Dos 18 aparelhos locados nas unidades habitacionais, 13 não ultrapassaram 8% de horas de desconforto pelo frio, 9 deles locados em apartamentos e 4 em casas. Dentre estes aparelhos, 5 apresentaram 100% das horas monitoradas dentro da zona de conforto, todos eles locados em apartamentos. Este fato parece confirmar a tendência já verificada no verão dos apartamentos apresentarem maior dificuldade de perder calor do que as casas. |