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Adequação Climática Revisão
2.1.1
Clima de Florianópolis As características
climáticas de Florianópolis e seus dados climáticos são instrumentos
imprescindíveis de avaliação no planejamento e construção de uma
edificação. A performance
térmica de uma edificação é resultado direto da influência das variáveis
climáticas a que está exposta. Para
que este desempenho seja eficiente e benéfico deve-se seguir certas
recomendações para projetos designadas pelas características climáticas da
região em estudo. O clima de Florianópolis
é definido por Köppen como mesotérmico úmido, com chuvas distribuídas
durante todo o ano. Já NIMER
apud ANDRADE, (1979) define como sendo clima do tipo tropical temperado
subsequente, super úmido, apresentando verão quente e inverno ameno,
sub-seco. O caráter temperado de
seu clima, confere a ilha de Santa Catarina, uma oscilação térmica amena
entre um verão quente e um inverno frio.
RIVERO (1985) destaca que
no clima de Florianópolis, há um percentual de nebulosidade maior no verão
que no inverno, o que faz diminuir a diferença entre as temperaturas máximas
e mínimas destas duas estações. A
proximidade do mar, pela sua grande capacidade térmica, elevada
transparência a radiação solar e pela transferência de calor gerada pelo
processo de evaporação e condensação amenizam também estas diferenças. Aproximadamente o número
de horas de insolação anual da ilha oscila entre 2.200 e 2.400 horas,
dependendo da região. As chuvas
de verão, costumam ser diárias e de curta duração, enquanto que as chuvas
de inverno costumam ser intermitentes durando dois ou mais dias.
Estas últimas são provocadas por frentes polares. A pluviosidade apresenta
um índice anual de 1400mm no sul da ilha, variando até 1600mm no norte.
A umidade relativa anual fica em torno de 85%, apresentando uma média
de 140 dias de chuvas por ano e uma média amplitude térmica diária. Os ventos predominantes
tem suas freqüências determinadas pelas estações e sofrem variações
relativas à localidade onde se pretende estudar a implantação de uma
edificação. A temperatura
média anual é em torno de 20°C
junto a orla marítima e 22°C
mais no interior da ilha, o que demonstra a amenidade do clima junto ao mar.
Janeiro é o mês mais quente com temperatura média mensal de 24°C
e julho é o mês mais frio com 16°C
de temperatura média. Todos os dados deste
tópico são obtidos através do GAPLAN (1986), segundo o trabalho de GOULART
(1993).
2.1.2
Variáveis Climáticas
GOULART (1993) aplicou
metodologias de tratamento e análises estatísticas em dados climáticos de
10 anos para a cidade de Florianópolis, registrados no Aeroporto Hercílio
Luz (período de 1961 a 1970). Determinou
o ano climático TRY, que melhor busca retratar o clima em estudo. As variáveis climáticas
tratadas a seguir, referem-se a este ano climático.
2.1.2.1 Temperatura do
Bulbo Seco: Os valores extremos
encontrados, são a temperatura mínima de 2,0°C
e a temperatura máxima de 36,4°C.
A análise apresentou o mês de fevereiro como o mês de maior
temperatura média e com o menor desvio padrão.
Porém, o mês de janeiro foi o que abrigou a temperatura mais elevada.
O menor valor de média mensal da temperatura de bulbo seco ocorreu no
mês de julho, porém o mês de agosto e junho apresentaram as menores
temperaturas mínimas. A média de temperaturas
máximas, durante todo o ano, apresentam valores acima de 20,0°C
e a média de temperaturas mínimas, não atingem valores menores que 13,0°C.
2.1.2.2 Amplitude
Térmica: O mês de agosto
apresentou a maior variação térmica anual entre a mínima de 2,0°C
e a máxima de 33,8°C,
onde a máxima aproxima-se da temperatura máxima anual.
As amplitudes térmicas diárias menores ocorreram no mês de setembro
e maiores valores no mês de maio. A
menor amplitude diária ocorreu no mês de novembro, apresentando amplitude
mínima igual a zero, e em julho atinge a máxima amplitude térmica diária
com o valor de 18°C. Existe a probabilidade de
90% de ocorrência de amplitudes menores que 10,0°C
no verão. Os períodos de
ocorrência das temperaturas máximas diárias variam entre as 13 e 14 horas,
e as temperaturas mínimas ocorrem entre as 5 e 7 horas, geralmente antes do
nascer do sol.
2.1.2.3 Velocidade e
Direção do Vento: A velocidade média
durante o período anual foi de 4,1m/s sendo a mínima de 0,0m/s e a máxima
de 27,1m/s, o que demonstra a irregularidade da velocidade do ar.Os meses de
janeiro, maio e agosto apresentam-se com os valores das velocidades máximas
menores que os demais, sendo o mês de maio o de ventos mais fracos. O mês de outubro é o de ventos com velocidades mais
elevadas, tanto médias quanto máximas. Os ventos na direção
norte são predominantes durante todos os meses do ano. O vento sul é o que se apresenta em segundo lugar na maioria
dos meses. No entanto, o vento
sul é o que apresenta as maiores velocidades (vento dominante). Ventos calmos se apresentam com maior freqüência nos meses
de abril e maio. O vento nordeste
é o terceiro mais freqüente no verão.
2.1.2.4 Nebulosidade: O valor da nebulosidade
média anual foi de 6,2 (parcela do céu coberta por nuvens, entre a escala de
1-10), sendo que nos meses de setembro a novembro o céu tende a ser mais
encoberto que os demais meses do ano. O
mês de maio é o de menor nebulosidade, pois foi o único que apresentou
nebulosidade menor que 50%. Os
meses de inverno apresentam menores nebulosidades que os meses do verão.
2.1.2.5 Umidade
Relativa do Ar: A umidade relativa média
apresenta-se com valores elevados durante todo o ano. A uniformidade
dos níveis de umidade é um aspecto fundamental na descrição do clima.
A umidade relativa ameniza a variação da temperatura, com bloqueio da
radiação e diminuição do calor radiante emitido da terra para a atmosfera.
Todos os meses apresentam
a umidade relativa do ar máxima (100%), com uma média mensal superior a 80%,
em todos os meses. A média anual
é de 82,7% e os menores valores de umidade relativa são encontrados no
inverno. Entretanto, a média
mensal mais baixa ocorreu nos meses de janeiro e dezembro.
O mês mais úmido foi setembro, sendo também o mês com menor
amplitude térmica, confirmando que a umidade ameniza a variação de
temperatura.
2.1.2.6 Radiação
Solar: O ganho de calor solar é
variável segundo a latitude de cada lugar e a trajetória do sol na abóbada
celeste, variando a intensidade de acordo com o ângulo que os raios solares
atingem a superfície de cada região. Existe
diferença entre a trajetória do sol no verão, que estende-se por mais
tempo, em relação à do inverno. A
variação principal se dá, também, pelo ângulo com que os raios de sol
atingem à superfície da terra, apresentando-se no verão aproximadamente
normal a superfície e, no inverno, de forma bem mais tangencial a ela, o que
determina uma menor intensidade de irradiação solar ao meio dia.
2.1.3
Carta Bioclimática de WATSON e LABS
Como resultado de longas
pesquisas, compreendendo muitos anos, WATSON e LABS, em 1983, basearam-se no
trabalho de GIVONI e MILNE (1976), comparando com uma série de outros
índices, principalmente com a solução da ASHRAE, para a elaboração de uma
metodologia que consistia na busca de uma
proposta para sintetizar o trabalho de vários pesquisadores. O resultado foi a adoção de uma nova carta bioclimática,
onde os autores alteraram a zona de conforto original proposta, nos seus
limites de maior temperatura e umidade com o limite da ASHRAE que é 78 ET (em
Farenheit), mantendo os outros limites de MILNE e GIVONI, que são 5 mm Hg
67,5 ET (Farenheit) e 80% de umidade relativa do ar.
. São utilizados vários parâmetros para definir uma nova zona
de conforto térmico (ver figura). É
a partir desta zona que são calculadas, desenhadas e definidas as zonas de
controle climático (zonas de resfriamento evaporativo direto, ventilação,
desumidificação, restrição à condução {influência
da massa},
resfriamento mecânico, resfriamento radiante e aquecimento solar).
Essa divisão e a agregação das sub-zonas de diferentes formas ou
combinações se aproxima muito da carta bioclimática delineada por GIVONI.
Sua diferenciação ocorre ao associá-las com várias necessidades de
controle climático, com recomendações para promover ou minimizar certas
estratégias. A combinação das
sub-zonas representando cada estratégia de controle está listada na tabela as quais correspondem aos limites traçados na carta
psicrométrica da figura. WATSON e LABS (1983)
separam as necessidades bioclimáticas das estratégias de controle
climático, que é definido através de restrição e promoção de
estratégias em termos de fenômenos físicos por agregação das zonas
definidas na carta. A metodologia
desenvolvida busca quantificar a proporção em que cada estratégia deve ser
utilizada frente a determinado clima, para obtenção do conforto.
Esta metodologia foi aplicada para o clima de 29 localidades nos
Estados Unidos, nas quais dados climáticos horários foram analisados por
computador para determinar a fração média do ano para a qual o clima local
cai dentro dos parâmetros descritos em cada uma das 17 sub-zonas da tabela.
Os dados climáticos horários de um ano (8760 horas) de cada região foram
introduzidos dentro da carta bioclimática, definindo, assim, a menor fração
percentual (em torno de 0,1%), que eqüivaleu a 8,7 horas.
A contagem destas frações sobre cada zona define assim parâmetros
quantitativos para as 17 sub-zonas, obtendo-se, por uma leitura direta, os
percentuais de eficiência para cada estratégia de projeto climático a ser
adotado.
Tab.
1: Identificação das
estratégias de controle climático da carta bioclimática para edificações
(adaptada depois de GIVONI) Fonte:
WATSON e LABS (1983)
2.1.4 Zona de
Conforto adotada na carta de GIVONI (1992), para países em desenvolvimento
O surgimento deste
padrão se deve ao resgate de pesquisas efetuadas em diferentes estudos por
GIVONI, onde constatou-se que padrões de conforto do tipo ASHRAE (1993) não
são compatíveis com regiões de países em desenvolvimento (como é o caso
de Florianópolis), onde ocorrem períodos quentes e úmidos. Os limites definidos pela
zona de conforto desta carta bioclimática, demarcam condições climáticas
em regiões, nas quais a maioria das pessoas suportam maiores temperaturas e
umidade, sem apresentarem desconforto térmico.
Fator determinado por uma maior aclimatação das mesmas, também
propiciada pelo fato de que nestas regiões, a maioria das edificações não
apresentam condicionamento térmico de ar de forma mecânica (ANDRADE, 1996). O parâmetro limite de
temperatura mínima é de 18°C
(TBS) e o de temperatura máxima é de 29°C.
A umidade relativa atinge a linha de 80% e suas limitações inferiores
e superiores são dadas pelo conteúdo de umidade absoluta em 4g/kg e 17g/kg
de ar seco, respectivamente. A
velocidade do ar nesta zona é determinada como a de ar parado.
Entretanto, GIVONI (1992) não deixa nítido o valor da velocidade considerada nesta carta.
Segundo a ASHRAE (1989) deve-se adotar 0,1 m/s no inverno até 0,25 m/s
no verão, entretanto GIVONI cita estudos de WU e TANABE, que trabalham com
valores diferentes. Para eles, ao
estender-se a velocidade do ar de 0,1 até 1,5 m/s, as temperaturas da zona de
conforto podem ser estendidas de 27 a 29,7°C.
A zona de conforto da carta adotada atinge até a temperatura de 29°C
(TBS), sugerindo que a velocidade do ar possa atingir um valor intermediário
menor que 1,5 m/s e maior que o padrão estabelecido pela ASHRAE (1993),
principalmente quando aplicadas em estações quentes e úmidas. A atividade
considerada é sedentária, com baixo índice de vestimentas.
2.1.4.1 Adaptações
ou Acréscimos: Algumas adaptações e
acréscimos tiveram de ser efetuados, mas as zonas de resfriamento passivo
foram adotadas integralmente da carta de GIVONI.
As adaptações e acréscimos, segundo
ANDRADE (1996), serão descritas abaixo. Os limites laterais da
estratégia de ventilação (TBS = 20°C
e 32°C)
e o limite inferior de umidade absoluta de 4g/kg de ar seco foram naturalmente
adotados sem alterações. O valor do limite
superior adotado foi de 20,5g/kg de ar seco (25mmHg) ao nível do mar.
No seu último trabalho, GIVONI (1992) não definiu com precisão este
limite. Graficamente, apresenta o
valor de 19g/kg de ar seco (23,1mmHg) ao nível do mar, porém em nenhum
momento, no seu trabalho, fez referência a este novo valor ou a pressão
atmosférica correspondente da carta psicrométrica.
Em vista disto, resolve-se adotar o valor de 25mmHg (utilizado em
trabalhos passados) considerando que a carta psicrométrica do artigo não é
para o nível do mar. Isto se deve a não correspondência na comparação
entre a carta psicrométrica da ASHRAE (para o nível do mar) com a utilizada
por GIVONI. Outra alteração feita
à carta refere-se ao acréscimo da zona de ventilação, estendida até a
linha de umidade relativa de 100%, baseada na carta de GONZALEZ, que foi
desenvolvida para climas quentes e úmidos, e por estar mais próxima à
realidade da região em estudo. A zona de resfriamento
evaporativo adota os limites da carta de GIVONI (1992) para países em
desenvolvimento. Porém, o limite
inferior, abaixo da zona de conforto, não foi apresentado na carta de GIVONI
de 1992. Fica estabelecido,
então, o valor da TBU de 10,6°C,
limite este definido pelo trabalho de GONZALEZ de 1986.
2.1.4.2 Complementações: De acordo com GOULART et
alii (1994), as complementações são as seguintes: 2.1.4.2.1
Umidificação: A zona de
umidificação não foi definida por GIVONI (1992).
Adota-se esta zona da carta de GONZALEZ, cujo limite é definido pela
TBU de 10,6°C,
comum à zona de Resfriamento Evaporativo.
. 2.1.4.2.2
Aquecimento: Estas estratégias
também não foram definidas no último trabalho de GIVONI.
Para implementação destas zonas reportou-se, novamente, ao trabalho
de GONZALEZ, adotando-se os limites por ele estabelecido:
- Zona de Aquecimento Artificial: até o limite de TBS igual a 10,5°C;
- Zona de Aquecimento Solar Passivo: delimitado entre os valores de TBS
de 10,5°C
até 18,0°C,
limite da zona de inverno, contornando a zona de conforto para o verão até o
limite de 20,0°C;
- Zona de Massa Térmica: considerada uma forma de aquecimento passivo,
estende-se da zona de conforto, limitada pela
TBS de 20,0°C/18°C
da zona de conforto do verão e do inverno, até TBS de 14°C. 2.1.4.2.3
Zona de Ar Condicionado: Área
não atendida por nenhuma estratégia, somente consegue-se o conforto através
de refrigeração artificial.
2.1.5
Estratégias Bioclimáticas Vários pesquisadores
conceituam e definem cada uma das estratégias de acordo com a sua
aplicabilidade a distintos tipos de clima.
Esses conceitos confrontados com os dados climáticos de Florianópolis
chegam à definição das principais estratégias.
O programa ANALYSIS (1994) é o instrumento de ligação direta para o
estabelecimento, quantificado em porcentagem, das estratégias e dos períodos
analisados. A análise dos dados
obtidos através do programa tem por finalidade citar recomendações contidas
em vários estudos podendo servir como embasamento para critérios de projeto.
Estas recomendações assumem maior importância para os projetistas
devido a complexidade do clima de Florianópolis.
Embora Florianópolis apresente-se com um clima externo úmido durante
todo o período do ano, é necessário considerar o controle do clima interno. É com o seguimento das
recomendações, utilizando adequadamente os conceitos e parâmetros de
projeto voltados para as condições climáticas da região em questão, que
poder-se-á amenizar naturalmente ou minimizar a necessidade de
condicionamento térmico por meio mecânico para o alcance do conforto
térmico esperado pelos usuários.
2.1.5.1
Estratégia de Ventilação A perda de calor de um
ambiente através da renovação do ar consiste na estratégia de resfriamento
denominada ventilação. A
ventilação age através do aumento das trocas por convecção na superfície
do corpo, permitindo aos ocupantes do espaço, atingir a sensação de
conforto térmico. A eficiência e a
importância desta estratégia depende das condições climáticas de cada
região. Essa eficiência para
obtenção do conforto pode se dar de duas formas: direta ou indiretamente. A estratégia de
ventilação é imprescindível em diversos tipos climáticos, sendo que sua
presença é inevitavelmente necessária, devendo obedecer ao tipo de ocupação das pessoas
dentro do ambiente e aos requisitos dessa aplicabilidade. Diversos estudos que
tratam desta estratégia em climas quentes e úmidos apontam a aplicação da
ventilação na estação mais quente deste tipo de clima.
No entanto, vale ressaltar a importância de se compatibilizar no
projeto da edificação, também, a presença da estação fria.
Isto se justifica na diferenciação das exigências entre ambas. Voltando-se ao clima do
objeto de estudo, pode-se constatar que Florianópolis apresenta uma estação
quente (verão) com um nível elevado de umidade. A preocupação maior com esta última variável reside no
fato de esta característica não ser temporária (sazonal). A umidade no ar apresenta-se com um valor alto durante todas
as estações do ano, o que aumenta a necessidade de ventilação no inverno. A amplitude térmica
diária apresenta-se baixa em climas quentes e úmidos, mas o desconforto
fisiológico aumenta devido ao maior índice de umidade no ar. Nesse tipo de clima é importante que se tenha ventilação
durante todos os períodos do dia, desde que a temperatura externa encontre-se
menor que a temperatura da pele (em torno de 37°C). A restrição à
infiltração de ar frio é importante cuidado que se deve tomar em climas com
estações frias. Nesses climas,
a ventilação limita-se apenas à necessidade fisiológica de renovação do
ar. A problemática é ainda
maior em regiões frias e úmidas, mesmo que a ventilação seja de caráter
mínimo.
2.1.5.1.1 Ventilação
nas Cartas Bioclimáticas A ventilação é uma
estratégia relacionada diretamente com o teor médio de umidade absoluta
contida no ar, em determinada região e na estação climática estudada.
Em virtude dessas vaiáveis, estudos já realizados desta estratégia
apresentam recomendações bastante diversas quanto aos valores das
velocidades a serem adotados para o ar. OLGYAY (1963) realizou
diversos estudos em laboratórios, dos quais, definiu padrões de fluxos de ar
interno nas edificações associados a velocidade dos ventos. Sua carta original permite estender o conforto utilizando a
velocidade do ar de até 4m/s. Posteriormente,
OLGYAY revisa sua carta amplia este número para até 6m/s em regiões
tropicais. Esta ampliação é
considerada favorável por costume e necessidade, pois para climas quentes e
úmidos há a necessidade de uma ventilação mais efetiva. O limite máximo de
velocidade apresentado na carta de KOENIGSBERGER et alii (1977), adaptado da
carta de OLGYAY, foi de 1m/s. Este
valor foi destinado a espaços de trabalho, como por exemplo escritórios,
onde a velocidade do ar não pode apresentar-se muito alta, para não
ocasionar o levantamento de papéis. SZOKOLAY (1987), GONZALEZ
et alii apud ANDRADE (1986) e WATSON e LABS (1983), limitaram a velocidade do
ar ao valor de 1,5m/s, como limite aceitável para a zona de ventilação.
Este valor limite da velocidade do ar não superior a 1,5m/s já havia
sido considerado anteriormente na carta de GIVONI (1968) e na de GIVONI e
MILNE (1979), também por considerar este valor como compatível para
atividades de escritório. Já em
sua carta revisada de 1992, GIVONI considera a velocidade de 2m/s (baseado em
estudos de WU, TANABE e MCINTYRE) na zona de ventilação.
O fator da aclimatação é levado em consideração neste valor limite
de 2m/s, permitindo uma ampliação da zona de ventilação para cartas
destinadas a países desenvolvidos (clima temperado) e para países em
desenvolvimento (clima quente). KOENIGSBERGER et alii
(1977) eliminaram as linhas de altas velocidades de ar em altas temperaturas
com níveis baixos de umidade. Esta
subtração é gerada pela análise de que em regiões de climas quentes e
secos, a ventilação diária indiscriminada pode gerar grandes erros para
obtenção do conforto. As zonas
de ventilação variam de uma carta para outra, mas concentram-se no intervalo
de 80% a 100% de umidade relativa. Na prática, estas
velocidades devem obedecer aos padrões estabelecidos para conforto
fisiológico. Porém, estas
velocidades limites devem compatibilizar-se com as atividades que forem
desempenhadas no ambiente, a exemplo do já citado, o limite máximo de 1m/s
para não levantar papéis, a ser adotado para escritórios.
Para edificações residenciais, no entanto, podem ser adotados limites
de velocidade de vento mais flexíveis. Porém,
é importante salientar que detalhes de projeto devem acompanhar estas
avaliações, uma vez que a ventilação, para ser efetiva, sob os aspectos
fisiológicos, o fluxo de ar deve cruzar diretamente no nível do corpo dos
ocupantes do ambiente. GIVONI e
MILNE (1979), quando tratam da estratégia da ventilação, relatam que,
obviamente, o limite máximo da velocidade de ar confortável é muito
diferente de um escritório para uma fábrica, onde os parâmetros do tipo de
atividade desenvolvida levam em consideração o próprio limite estabelecido
para utilização da ventilação natural.
Esta é uma observação que demonstra
que os parâmetros da velocidade do ar estão interligados com outros
parâmetros, que são também responsáveis pelo conforto dos ocupantes de m
ambiente. E que estes não podem
ser desconsiderados no projeto, mesmo não estando aparentemente relacionados
com a definição da envoltória da edificação (ANDRADE, 1996).
2.1.5.1.2 Ventilação
e Aspectos Climáticos GIVONI apud ANDRADE
(1976) considera que a amplitude térmica é inversamente proporcional ao
aumento da pressão de vapor d’água. Este
conceito estabelece o comportamento da estratégia de ventilação em
relação aos diferentes climas externos.
Outras considerações são relatadas em função desta estratégia,
como com a massa da envoltória, que apresenta comportamentos distintos frente
as estações úmidas ou secas, ou durante o dia e a noite. Em 1991, GIVONI divide a
ventilação em duas espécies distintas: Ventilação de Conforto e
Resfriamento Convectivo Noturno. O
aumento da velocidade do ar interno, com a entrada de vento pelas aberturas do
ambiente é a chamada Ventilação de Conforto.
Este tipo de ventilação atua de forma direta sobre o conforto humano
e caracteriza-se pela ventilação diária efetiva.
Pode ser obtida pela ventilação cruzada sendo completamente aberta ao
meio externo. Para a ventilação
cruzada, os ventos devem apresentar condições aceitáveis de temperatura e
umidade. O Resfriamento Convectivo
Noturno é responsável pela obtenção do conforto de forma indireta.
Consiste no resfriamento da massa da edificação pela ventilação
noturna. Essa massa resfriada
retarda a entrada de calor para dentro da edificação, com achatamento do
aumento da temperatura interna. Esse
efeito estende-se ao dia seguinte. A aplicabilidade da
Ventilação de Conforto ou do Resfriamento Convectivo Noturno varia conforme
à amplitude térmica existente. Estas
duas formas de ventilação divergentes são utilizadas de acordo com o clima
em questão, dependendo daí a eficiência de ambas. De acordo com GIVONI, a
aplicabilidade da ventilação de conforto, é voltada principalmente a
regiões ou estações que possuam uma amplitude térmica baixa (menor que 10°C)
e que apresentem uma temperatura-limite máxima no intervalo entre 28°C
e 32°C.
Essas condições são próprias de climas quentes e úmidos, que não
são aptos a reduzir intensamente a temperatura interna em relação à
externa. A ventilação diária
efetiva, responsável pela obtenção do conforto fisiológico ao favorecer a
perda de calor convectivo do corpo, é de suma importância. Sua presença é
indispensável, mesmo considerando uma edificação que apresente massa
pesada, fechada ao ambiente externo e com paredes de alta resistência
térmica. GONZALEZ et alli apud
ANDRADE (1986) também relata a questão do resfriamento fisiológico,
relacionando a ventilação presente nas edificações situadas em climas
quentes e úmidos, como provedora de um melhoramento da sensação térmica no
indivíduo, mesmo sem acarretar grande redução. SZOKOLAY (1987), ao
tratar a função do resfriamento fisiológico pela ventilação, salienta a
importância da velocidade do ar para ajudar a atingir as condições de
conforto, com o aumento da capacidade de evaporação do suor.
SZOKOLAY acrescenta que, em regiões onde o meio ambiente é quente e
muito seco, deve-se restringir a ventilação diária, pois a mesma começa a
perder importância devido ao aumento da evaporação, mesmo sem o ar estar
movimentado. GIVONI apud ANDRADE
(1991), tratando da segunda forma de ventilação, observa que o resfriamento
convectivo noturno torna-se mais efetivo em climas quentes e secos, com
variações de temperatura acima de 15°C,
apresentando temperaturas mínimas noturnas externas (no verão) abaixo de 20°C,
e máximas externas diárias entre 30°C
a 36°C.
GIVONI salienta que havendo o controle solar efetivo em uma
edificação de maior massa, fechada durante o dia e ventilada somente a
noite, a temperatura interna apresenta-se abaixo da temperatura externa, com
aproximadamente 45% a 55% da amplitude
térmica. Já em 1992, o
autor reforça a eficiência deste tipo de ventilação para zonas áridas e
desertos. Nestes, ocorrem grandes
amplitudes diárias (de 15°C
a 20°C),
onde a redução da temperatura interna giraria em torno de 6°C
a 8°C
abaixo da temperatura externa. Nos
dias mais quentes, durante o período que ocorresse a máxima temperatura
externa, essa redução seria de aproximadamente 10°C. Para EVANS apud ANDRADE
(1980), quando a amplitude térmica encontra-se abaixo de 10°C
e a temperatura externa poucos graus acima do nível de conforto, pode-se
obtê-lo através da ventilação interna, que proporciona a queda de alguns
graus de temperatura. Em locais
onde a amplitude térmica encontra-se superior a 10°C
e a temperatura externa muito acima do limite de conforto, somente a
estratégia de resfriamento de ventilação não é o suficiente para a
obtenção do conforto. É
preciso acrescer a ela a capacidade térmica das edificações.
Desta forma, para o clima em estudo (Florianópolis), a ventilação
diária, com a utilização da massa das edificações, é uma estratégia
necessária para obtenção do conforto térmico interno. Já WATSON e LABS
(1983),com critérios gerais que não diferem dos tipos de ventilação
apresentados por GIVONI apud ANDRADE (1991), denominando os tipos de
ventilação como ventilação contínua e ventilação noturna, salientam as
dificuldades de conseguir-se conforto térmico por meio natural para um clima
quente e úmido, pois a amplitude térmica é pequena.
Recomendam a ventilação contínua efetiva durante todo o dia e a
utilização de envoltória de massa leve na edificação, pois perde
rapidamente calor através de uma ventilação cruzada permanente. A utilização de varandas, estruturas elevadas e
implantações que favoreçam a penetração de ventos, são citadas como
recursos favoráveis de projeto. Porém,
afirmam que a ventilação deve atender aos padrões de velocidades de ar
tidos como confortáveis ao ser humano. Para
regiões quentes e secas, recomendam restrição à ventilação diária e o
favorecimento para ventilação noturna associada à utilização de maior
massa na envoltória destas edificações.
Segundo os autores, estas regiões devem apresentar janelas de tamanho
mínimo necessário, para que, durante o dia, a temperatura interna da
edificação mantenha-se em patamar inferior à externa.
A ventilação noturna, neste caso, apresenta-se como indispensável
para eliminar o calor absorvido pela massa aquecida durante o dia.
Recomendam a associação desta estratégia a outras, tais como o
resfriamento evaporativo ou o tratamento prévio do ar (resfriamento) que
entra na edificação. Finalizam
concluindo que a adoção de ventilação diária ou noturna depende do
índice do potencial de resfriamento do ar, definido pela temperatura de bulbo
seco. E que esta estratégia fica
limitada pelas velocidades de vento aceitáveis, dentro das condições
estabelecidas para o conforto, definindo assim o período mais adequado para a
ventilação (ANDRADE, 1996). VAN STRAATEN (1967)
relata que pesquisas, em moradias e edifícios de escolas para climas quentes
e áridos, demonstraram que princípios de resfriamento por ventilação,
associados com uma massa térmica maior, chegaram a reduzir a temperatura
externa em aproximadamente 8°F
(4,4°C)
instantaneamente, durante o dia. EVANS
(1980) observa que é improvável que o diferencial de temperatura interna e
externa exceda 5,0°C,
para locais quentes e úmidos com janelas abertas. Quando
utiliza-se o efeito chaminé (termosifão), o efeito de resfriamento é
pequeno, apesar da grande diferença de altura da entrada e saída do ar, pois
é dependente desta diferença de entrada.
O diferencial apresenta-se maior quando associado a este efeito
chaminé na ventilação noturna, uma alta massa térmica, o que restringe a
ventilação durante o dia. Segundo
VAN STRAATEN, com o aumento do movimento de ar de 30 para 300 pés/min
(0,15m/s para 1,52m/s), consegue-se o mesmo efeito que a redução da
temperatura em aproximadamente 3,0°C
para climas secos e 3,9°C
para climas úmidos. De acordo
com este último autor, a ventilação não deve ser relacionada somente ao
resfriamento, mas também no aquecimento da estrutura da edificação e no
ambiente interno, principalmente em estruturas mais pesadas.
Esses dados justificam a grande importância da ventilação, tanto no
resfriamento quanto no aquecimento, para a obtenção de conforto
fisiológico. Os tipos de ventilação
e sua aplicabilidade frente o clima em questão não constituem em estudos já
definidos. Extraindo as
variáveis do ano climático de Florianópolis (GOULART, 1993), cruzando com
os parâmetros apresentados na revisão pode-se obter várias conclusões
segundo ANDRADE (1996): - A ventilação de
conforto ( com função de resfriamento fisiológico) é aplicável e indicada
frente à presença de temperaturas médias máximas no verão em torno de 29°C,
atingindo temperaturas absolutas máximas em torno de 36°C
e apresentando um alto teor de umidade relativa no ar, com média superior a
80% em todos os meses do ano. - O tipo de ventilação
que atua de forma indireta para obtenção de conforto, através do
resfriamento da massa da edificação, como o resfriamento convectivo noturno,
apresenta-se como uma questão a ser investigada quanto à sua aplicabilidade
frente ao clima em estudo. Pois
ao cruzarmos os parâmetros da variável climática, amplitude térmica,
estabelecidos por vários pesquisadores junto aos dados climáticos de GOULART
(1993), que apresenta uma amplitude média mensal menor que 10°C,
em todos os meses do ano, mas com ocorrência de amplitudes acima de 15°C,
nos meses do verão (no inverno até 18°C),
retrata desta forma, condições intermediárias, ficando sua eficiência
indefinida. Precisar-se-ía, através
de experiências práticas, obter dados para diagnosticar efeitos de cada tipo
de ventilação junto ao clima em estudo, seu período de ocorrência
(permanente ou periódica) mais favorável, seu comportamento no ambiente
interno da edificação na presença de maior ou menor massa e o grau de
obtenção de conforto por meio desta estratégia.
2.1.5.2
Estratégia de Massa Térmica para Resfriamento É responsável, dentre
outros aspectos, pelo controle do ganho solar pela envoltória, em todas as
estações do ano. Esta
estratégia só não aparece na carta bioclimática de OLGYAY.
É quantificada pela capacidade térmica do material e seu efeito é,
também, denominado de Isolamento Capacitivo, em oposição ao Isolamento
Resistivo, propriedade dos materiais de baixa condutividade e dos elementos de
menor Transmitância. O efeito de
capacidade térmica também é conhecido por Inércia Térmica, em analogia ao
conceito introduzido por KEPLER apud ANDRADE, que analisa os movimentos de
dinâmica. O papel da inércia
térmica na performance térmica de uma edificação seria o de promover
condições mais estáveis internamente, em situações de “stress”
térmico externo, segundo GREELAND apud ANDRADE (1980).
Pois, caso contrário, edificações leves, pobremente isoladas, em
condições externas mais amenas de verão, mas com uma forte irradiação,
podem levar seus ambientes internos a condições de grande desconforto.
“Edifícios de uma folha
simples de metal, ou com superfícies externas, as quais absorvem uma alta
proporção de radiação solar, podem experimentar uma temperatura interna
maior que a externa”, já dizia EVANS, em 1980. A Capacidade Térmica
Volumétrica é a propriedade térmica da massa que retrata a Inércia
Térmica, modificando e controlando o meio interno pelo armazenamento de maior
ou menor energia pela envoltória. É
definida como a quantidade de calor requerida para aumentar a temperatura de
uma unidade de volume de um material por uma diferença unitária na
temperatura. Relaciona-se
diretamente com a densidade do material e com outras variáveis, tais como:
Condutância, Transmitância e Fator de Ganho de Calor Solar, variando
conforme a espessura, o posicionamento, características de superfície e
condições externas, nunca atuando isoladamente.
ROGERS apud ANDRADE (1964), observa que em ambientes que apresentam a
mesma Transmitância na sua envoltória, mas apresentando densidades
distintas, a inércia térmica fica mais evidente na envoltória de maior
densidade (maior massa), retratando também uma maior capacidade térmica
volumétrica. A Inércia Térmica é
responsável pelo retardamento da transferência de calor externo para dentro
da edificação, pois utiliza grande parte deste calor para aquecimento da
própria massa de sua envoltória, mantendo o ambiente interno com a
temperatura mais baixa (menor pico) durante o dia.
À noite, o calor armazenado na massa por reirradiação transfere-se
tanto para o ambiente externo quanto para o interno.
Pode-se dizer que ocorre mudança do fluxo de troca de calor
(resfriamento), no final do dia. Este
resfriamento é mais rápido na massa leve do que na massa pesada, que
armazenou maior quantidade de energia térmica, solicitando maior tempo para
descarregá-la. A temperatura
comparativamente eleva-se à noite, internamente, mas nunca atinge o valor
máximo externo, diminuindo, desta forma , a amplitude térmica interna.
Origina o retardo térmico (“time-lag”), que é definido como o
tempo de retardo entre o impacto de uma variação diurna de temperatura, pela
radiação sobre uma superfície externa, e a variação de temperatura
resultante sobre a superfície interna. Este índice varia com a escolha do tipo de massa, seja leve,
média ou pesada. A performance
da edificação depende da dosagem e distribuição adequada destas
propriedades e do período de utilização dos ambientes construídos,
salientando a importância, na fase de projeto, do atendimento destes
requisitos para obtenção de conforto (ANDRADE, 1996). ROGERS apud ANDRADE
(1964) salienta a importância do cuidado nas condições de projeto e
exemplifica a utilização de uma parede de maior massa voltada para o sul
(hemisfério norte), e o seu período de ocupação em salas de aula ou
escritório, até o final da tarde, onde o pico da carga de calor, devido ao
retardamento térmico de sua penetração, dar-se-á somente a noite, fato
este que poderá até dispensar a utilização do ar condicionado durante o
dia. Tal critério pode se
transformar em um equívoco quando utilizado em edifícios de apartamentos,
hotéis ou quartos de hospital, onde a ocupação se estende por 24 horas.
É um aspecto que pode originar um efeito prejudicial, principalmente
se num projeto onde a situação do dormitório for orientada para oeste e
possuir parede de massa pesada. Em
um clima como o de Florianópolis no verão, quando o período de irradiação
solar é maior e mais direto nesta orientação, a acumulação de calor pela
parede torna-se um problema. Quando
o ambiente externo já encontra-se agradável, com o retardo térmico sendo de
aproximadamente 8 horas (parede de massa pesada), tarde da noite, a parede
começa a transmitir calor para dentro do ambiente.
A solução a ser adotada não é única, podendo ser utilizados
materiais de menor massa na cobertura ou na parede voltadas para a
orientação oeste, ou mesmo, outras estratégias para redução da
irradiação solar, como isolamentos, sombreamentos, orientação mais
favorável, dentre outros. Para regiões litorâneas
úmidas e quentes, onde o desconforto térmico é experimentado à noite,
GIVONI (1976) desaconselha a alta capacidade térmica.
O autor salienta a necessidade de tentar atender aos requisitos
conflitantes de tipos climáticos, onde ocorre desconforto tanto provocado
pelo frio (inverno) como pelo calor (verão).
Florianópolis é um exemplo deste conflito. De acordo com
KOENIGSBERGER et alii (1977), o papel da inércia ou capacidade térmica de um
material é significativo quando existem grandes flutuações entre a
temperatura externa e interna, não sendo muito observado em regimes
estacionários, como em locais onde as condições térmicas são constantes. À medida que ocorrem variações térmicas externas
(estrutura é esfriada e aquecida periodicamente), causadas pela radiação
solar, a capacidade térmica apresenta um efeito marcante sobre as condições
térmicas internas. Ela
estabelece condições internas mais estáveis diariamente, tanto no verão
quanto no inverno. Para RIVERO (1986), “quando
após vários dias consecutivos de calor, a temperatura do ar desce
bruscamente, o interior dos locais se mantém ainda quente por um ou dois dias”.
Pelo conceito, percebe-se que para regiões de climas temperados, o
efeito da Inércia Térmica, não limita-se somente ao período de 24 horas.
O autor denomina Inércia Global esta capacidade de acumular lentamente
calor em todos os materiais componentes da edificação, para cedê-los,
posteriormente, por um período maior que as 24 horas do dia. No clima quente e árido,
pela grande redução da temperatura externa durante a noite, a ventilação
neste período resolve o problema. No
clima em estudo, a amplitude térmica não apresenta um valor muito alto, pois
a umidade se apresenta com valores elevados durante todo o ano. Em dias muito quentes, o ar externo não apresenta-se muito
eficaz como agente de resfriamento através da ventilação noturna, não
ocorrendo compensação efetiva ao descarregamento desta carga térmica,
principalmente se a irradiação for muito intensa.
Entretanto, massa pesada nas edificações, na maioria dos dias de
verão, traz benefícios, pois é responsável pela diminuição da amplitude
da temperatura interna, tornando a edificação mais inerte frente a
situações de maior “stress” térmico.
Apesar deste clima apresentar-se sem estação seca, a problemática
pode ser avaliada segundo estudos de EVANS apud ANDRADE (1980), quando
recomenda, para climas compostos com verão úmido e com estação fria e
seca, telhados de massa pesada, se a variação da temperatura diária for
acima de 10°C
sobre 6 ou mais meses durante o ano, ou se uma estação fria e seca
ultrapassar 4 meses ou mais, excedendo as estações quentes e úmidas.
Considerando que no clima em estudo há ocorrência de amplitudes
diárias maiores que 15°C,
próximo à 18°C
no inverno, esta recomendação pode ser levada em consideração.
As recomendações devem levar em consideração a ambigüidade do
clima em estudo, onde duas estações distintas devem apresentar um único
projeto bioclimático. AROZTEGUI (1995) relata
que a definição de limites para a aplicação desta estratégia são difusos
e de caráter conceitual. Determina
que para amplitudes diárias maiores que 14°C,
o uso da massa é um requisito importante para um bom projeto.
Entretanto, para 10°C
de amplitude, a estratégia torna-se dispensável.
AROZTEGUI recomenda a adoção de soluções cautelosas , evitando-se
ir à extremos, para climas do tipo temperado em que a amplitude térmica
encontra-se na zona difusa entre o intervalo de 10°C
a 14°C. EVANS apud ANDRADE (1980)
também destaca a problemática na adoção de soluções referentes a
performance térmica para atender climas compostos.
Relata a dificuldade de estabelecimento de uma regra, pois necessita-se
uma cobertura pesada para uma estação e uma cobertura leve para outra
época. Entretanto, os tamanhos
das janelas e isolamentos podem se gradualmente ajustados, na busca por uma
combinação alternativa entre cobertura, janela, parede e forma da
edificação, que pode apresentar-se igual para as várias performances
requeridas. GIVONI apud ANDRADE
(1976) exemplifica melhor estes ajustes quando descreve recomendações para o
clima do tipo Clima Continental Mediterrâneo, que apresenta duas estações
definidas, a semelhança de Florianópolis, e considera recomendável além de
algum aquecimento no inverno, certo resfriamento no verão.
Este clima apresenta a estação quente mais seca em relação ao clima
em estudo, mesmo assim algumas recomendações são pertinentes e aplicam-se
neste estudo. O autor afirma, que
para a escolha de materiais, quando da existência de janelas pequenas e
sombreadas, onde o calor mantém seu fluxo mais através das paredes, a
resistência térmica é relativamente mais importante que sua capacidade
térmica para amenizar a taxa de aquecimento diário.
Recomenda para este caso, como solução mais simples e econômica, a
utilização de uma parede com espessura de 25cm de concreto leve.
Já, quando a presença de janelas for muito ampla no projeto e o
sombreamento menos efetivo, o ganho de calor por irradiação passa a ser
insignificante, juntamente com a infiltração de ar conduzido através das
janelas. Então a capacidade
térmica passa a ter um papel mais importante, principalmente internamente,
uma vez que a massa pesada demora mais a aquecer-se.
Para este caso, GIVONI recomenda a utilização de paredes de tijolos
maciços, concreto denso ou terra com espessura em torno de 20cm a 30cm, para
o alcance de um melhor desempenho térmico. Este aspecto é
reforçado por RIVERO (1986), que comenta sobre a importância de massa
interna mais pesada, como tijolo e concreto, quando janelas externas são
muito envidraçadas, com o objetivo de diminuir a amplitude térmica interna,
nas regiões de clima temperado. Da
mesma maneira, quando VAN STRAATEN (1967) trata da eficiência do procedimento
de projeto, ligada ao resfriamento da estrutura, comenta sobre a larga
dependência desta com a variação térmica diária e a capacidade térmica
da estrutura. Observa-se que
muitas são as variáveis envolvidas na questão massa para resfriamento,
desde o tamanho das esquadrias até a presença de maior ou menor radiação
solar. Com isso, pode-se concluir, a não existência de soluções
padronizadas frente a um determinado clima. Pode-se pensar que a
solução apropriada encontra-se na adequação da escolha do material a ser
utilizado na envoltória da edificação, de maneira que respondam às
exigências de resfriamento e aquecimento, próprias ao clima da região.
A aplicação prática destes conceitos deve sofrer variações, e a
experimentação seria uma forma de constatar o comportamento de sistemas
construtivos comuns utilizados nesta região e confirmar as recomendações
presentes na carta bioclimática adotada, ao ser aplicada para o clima em
estudo (ANDRADE, 1996).
2.1.5.3
Estratégia de Resfriamento Evaporativo O Resfriamento
Evaporativo se utiliza do resfriamento proveniente da evaporação da água,
pois absorve calor da atmosfera. Embora
reduzindo a temperatura do bulbo seco, o conseqüente aumento do vapor de
água na atmosfera ambiente, faz com que se eleve também o conteúdo de calor
latente. Este processo é tratado
como “endotérmico” na visão de SZOKOLAY (1987). Para climas menos secos,
a de se tomar cuidado com esta estratégia, pois ocorre uma diminuição do
conforto fisiológico pelo aumento da umidade do ambiente. Desta maneira, torna-se necessário o emprego de ventilação
ou algum outro sistema mecânico mais complexo (como o ar condicionado) para
remover efetivamente este aumento da umidade. A ventilação associada
com a capacidade de resfriamento por evaporação apresenta-se limitada,
segundo GIVONI E MILNE (1979). O volume de ar a ser removido terá que
garantir velocidades confortáveis dentro da edificação, implicando que
somente certas quantias de água são praticáveis.
Estes autores exemplificam que pesquisas práticas demonstraram, como
limite máximo de redução, o valor de 25°F
(13,9°C)
de temperatura, a partir do qual as velocidades de ar alcançadas dentro do
ambiente interno passam a tornar-se desconfortáveis. O Resfriamento
Evaporativo pode atuar de duas maneiras distintas.
De forma direta, pela entrada de fluxo de ar úmido, induzido de forma
natural para dentro da edificação ou por sistema mecânico, podendo também
originar-se pelo resfriamento do ar externo, por evaporação de água,
introduzida para dentro da edificação.
Neste caso, a temperatura do ar interno é reduzida, porém o seu
conteúdo de umidade aumenta. O
resfriamento indireto ocorre quando utiliza-se, por exemplo, isolamento da
cobertura com a introdução de tanques de água, ou mesmo ao borrifar água
sobre o telhado. São práticas
que não resultam em aumento da umidade dentro do ambiente interno.
É um resfriamento passivo e indireto, que age tanto por resfriamento
radiante como conectivo na superfície da água.
E, dependendo da espessura da lâmina de água dentro do tanque, age
como resfriamento passivo, resultando na redução da temperatura interna em
relação à temperatura externa, efeito causado pela redução do fluxo de
calor que efetivamente atravessa a laje da cobertura, pelo gasto de grande
parte da energia no próprio aquecimento da água e sua conseqüente
evaporação (ANDRADE, 1996). Assim como a inércia
térmica, a estratégia de resfriamento evaporativo apresenta resultados
divergentes frente às variações das taxas de umidade. Vários pesquisadores relataram a sua aplicação em climas
quentes. GIVONI e MILNE (1979)
descrevem que a estratégia em questão destina-se a regiões quentes e secas,
onde a disponibilidade de água em abundância é uma questão limitante.
Desta forma, sua utilização nessas regiões pode ficar restringida a
falta de água em excesso. KOENIGSBERGER et alii
(1977), afirmam que é uma estratégia destinada a climas quentes e secos,
onde o aumento da umidade não se torna inconveniente, constatando ser um
fenômeno utilizado com êxito para o resfriamento do ar, melhorando as
condições de forma geral. Para
climas quentes e úmidos, segundo os mesmos autores, a estratégia apesar de
diminuir a poeira em suspensão, torna-se uma medida contraproducente, pois
mantém uma refrigeração evaporativa limitada devido ao aumento da umidade
relativa do ar, que já encontra-se em um nível elevado.
Conseqüentemente, recomenda-se,
para este tipo de clima, fazer um tratamento posterior para desumidificação
do ar, afim de evitar a diminuição de conforto fisiológico. GIVONI apud ANDRADE
(1991) comprovou a eficiência desta estratégia, nos climas quentes e úmidos,
por uma relação na qual a redução de temperatura obtida encontra-se em
torno de 70% a 80% da diferença entre a Temperatura do Bulbo Seco (TBS) e a
Temperatura do Bulbo Úmido (TBU). Sabe-se
que climas quentes e úmidos esta diferença não é muito grande, diminuído
com o aumento da umidade, o que compromete a utilização desta estratégia
junto a este tipo de clima. Outro
aspecto fundamental encontra-se na impossibilidade de um resfriamento rápido
de um ambiente, quando este apresenta-se com umidade relativa média superior
à 80%, onde a evaporação torna-se mais difícil.
Este é o caso de Florianópolis. Para Florianópolis,
segundo dados de ANDRADE (1996), as diferenças obtidas entre as TBS médias e
as TBU médias são: para o mês de janeiro, 2,7°C
e para fevereiro, 2,4°C.
A diferença fica em torno de 1°C
a 2°C,
o que não é nenhum valor representativo.
Ao fazer-se o mesmo cálculo para as temperaturas máximas, obtém-se
uma diferença um pouco maior, 3,9°C
para janeiro e 2,4°C
para fevereiro. A redução ainda
é irrelevante (2°C
e 3°C)
se considerarmos que são menores as probabilidades de ocorrerem as
temperaturas máximas. GIVONI (1992) afirmou que
a utilização do resfriamento evaporativo direto somente é aconselhável
para países desenvolvidos, quando a TBU máxima apresenta-se em torno do
valor de 22°C,
e a TBS máxima em torno de 42°C.
Nestas condições, a temperatura do ar resfriado pode chegar de 26°C
a 27°C,
e a média da temperatura do ar interno poderá ficar entre 27°C
a 29°C.
Em países em desenvolvimento, em regiões quentes e secas, os limites
superiores são da TBU de 24°C
e da TBS de 44°C,
respectivamente relacionados aos dados anteriores. Os valores da TBU de 24°C
e TBS máximo de 44°C
são os limites do Resfriamento Evaporativo Indireto, para países
desenvolvidos, com a utilização de tanques de água na cobertura. Estes
valores limites podem ser utilizados também para países em desenvolvimento.
Desta forma, os limites para utilização do resfriamento indireto,
para países desenvolvidos, equiparam-se aos limites de resfriamento
evaporativo direto para países em desenvolvimento, considerando-se o fator de
aclimatação. WATSON e LABS (1983),
fazem referências aos trabalhos de GIVONI, adotando os limites de
resfriamento do tipo direto para países desenvolvidos, e relatam que uma
maior eficiência do resfriamento evaporativo pode ser obtida, em regiões
muito áridas, associando a esta estratégia operações noturnas, consistindo
em sistemas de leitos de pedras, por onde o ar, durante a noite é forçado a
passar e ajuda assim no seu
resfriamento. Ao comparar os dados
climáticos das temperaturas de projeto para o verão de Florianópolis,
calculados nos estudos de GOULART (1993), conforme aplicação da metodologia
da ASHRAE (1989), com os limites estabelecidos por GIVONI, conclui-se que esta
estratégia não se apresenta adequada para a região em estudo. A umidade relativa média
anual de 82,7% é um dado relevante para impedir a eficiência e a
aplicabilidade do resfriamento direto. Com
relação ao resfriamento de forma indireta, GIVONI (1992) relata que as
temperaturas dos tanques de água seguem as variações diárias da TBU. Estas oscilações, no clima em questão, não atingem
valores altos como nos climas quentes e áridos.
Entretanto, dependendo da profundidade da água nos tanques, pode-se
atingir certo isolamento de uma cobertura.
Além disto, obtêm-se a garantia de limitação no aumento da
temperatura de uma laje, principalmente na presença de forte irradiação,
uma vez que a temperatura desta não ultrapassa a TBU máxima atingida pelo
ambiente externo. Outro efeito favorável
desta estratégia é observado nas coberturas de telhas cerâmicas, quando
ganham umidade, através da chuva ou, diariamente, pela própria condensação
da umidade do ar, quando a atmosfera reduz sua temperatura por radiação
durante a noite. Este processo é
relatado e estudado por BUENO et alii apud ANDRADE (1994) na superfície da
cobertura de telha cerâmica que, ao perder energia por radiação durante a
noite, atinge temperatura menor que a do ar, condensando a umidade junto a sua
superfície, formando, um gradiente de concentração de vapor, de modo que a
telha passa a absorvê-lo. Pela
manhã, a telha apresenta alta umidade em seu interior e, quando a radiação
solar incide sobre sua superfície, o processo inverte-se.
Assim, pelo processo de evaporação da água, a energia solar é gasta
com calor latente, reduzindo consideravelmente a temperatura da telha. Este processo é testado pelos autores através de
experimentos com dois tipos de telha cerâmica: uma impermeabilizada (onde
não ocorre troca de umidade) e outra ao natural.
Comprovadamente, na prática, esta última foi responsável por um
comportamento térmico mais favorável do que as impermeabilizadas.
Concluem que, para regiões quentes, deve-se utilizar telhas
cerâmicas, pois reduzem problemas térmicos das edificações,
apresentando-se como mais adequada, quanto ao aspecto térmico, em relação
às telhas menos permeáveis, como as de fibrocimento, porém, desde que não
sejam impermeabilizadas ou vitrificadas.
A escolha do tipo de telha utilizada, no clima em estudo, torna-se
importante, também, pela constante e abundante presença de chuvas (ANDRADE,
1996).
2.1.5.4
Estratégia de Aquecimento Solar Passivo Em regiões onde a
temperatura encontra-se abaixo das condições de conforto e há a necessidade
de obtenção de energia térmica, o ganho de calor é um requisito
solicitado. Este ganho pode vir
de várias fontes, até mesmo, de forma natural.
Esta forma de contribuição indispensável da energia solar pode ser
utilizada como um fluxo de energia que por meios naturais de radiação,
condução, convecção, propaga-se para dentro do ambiente interno de uma
edificação. A forma de aquecimento
desta estratégia pode se dar através do ganho de calor de tipo direto (por
meio de janelas com vidro, clarabóias e outros) ou com a estocagem térmica
de calor pela massa das paredes, desde que com orientações favoráveis a
insolação. Vários pesquisadores descrevem os sistemas de aquecimento solar
passivo do tipo indireto. Estes
são provenientes da aplicação de tecnologia mais contemporânea, como por
exemplo, a utilização de serpentinas com água e vidros, associados a
alvenaria. A tecnologia é
responsável pela formação de sistemas mais complexos de captação e
estocagem de energia solar, destinados a regiões mais frias.
Porém, a instalação de qualquer um destes sistemas tecnológicos
viáveis tem que ser justificada pela relação de custo x benefício. A inércia térmica é
uma propriedade que pode ser utilizada com o aquecimento solar passivo para a
proposição de soluções de projeto e construção mais acessíveis.
De acordo com BALCOM et alli apud ANDRADE (1979), mais da metade da
energia necessária em uma edificação pode ser obtida pelo emprego desta
estratégia. Outros autores
salientam a dificuldade de quantificar esta estratégia em conceitos
práticos, para que se possa elaborar um projeto eficiente de uma edificação
frente ao clima encontrado. GIVONI e MILNE (1979),
salientam que edificações com paredes de pouca massa resfriam-se rapidamente
durante a noite, atingindo valores abaixo da zona de conforto, e recomendam
que a solução para obter-se sucesso em um projeto de aquecimento solar
passivo estaria em fazer com que raios de sol incidissem sobre paredes de alta
massa, de forma que, após 12 horas, durante a noite, o estoque de calor
armazenado pela massa das paredes seja devolvido para dentro da edificação.
2.1.4.4.1 Aplicabilidade
da Estratégia A aplicabilidade e o
emprego eficiente do aquecimento solar passivo, frente a diferentes climas,
torna-se um desafio quando deve atender a contrastes nas condições
climáticas, que podem ocorrer durante as várias estações do ano.
Vários pesquisadores apresentaram estudos com parâmetros limites para
utilização da estratégia. BALCOM et alli apud
ANDRADE (1979) retratou experiências práticas desenvolvidas pelos
laboratórios de Los Alamos Scientific Laboratory (LASL).
Nestes estudos determinou-se que
o armazenamento de calor solar nas paredes (massa térmica) foi eficaz e
pertinente ao ambiente interno dentro do intervalo de temperatura absolutas
entre 60°F
(15,5°C)
e 70°F
(21,1°C).
Segundo os autores, temperaturas menores já necessitam outros sistemas
de aquecimento solar passivo. GIVONI e MILNE (1979)
relatavam que a definição dos limites para utilização de aquecimento solar
passivo são particulares a cada região, dependentes da temperatura média do
ar externo do inverno. A
estratégia, também é relacionada, à quantidade de irradiação diária
solar disponível, tomada por latitude e condições de nebulosidade da
região, muitas vezes dependentes da altitude da região.
Pode-se observar a importância de uma insolação mínima garantida,
pois o encobrimento do sol é muito comum nos céus de inverno, e que
dependendo da região, esta estratégia pode tornar-se inviável. EVANS apud ANDRADE (1980)
afirma que com o decréscimo da temperatura externa, situando-se entre 18°C
a 22,5°C,
pode-se alcançar o conforto apenas com o aumento das vestimentas.
Se esta queda situa-se abaixo de 15°C,
no período diurno, consegue-se condições internas de conforto utilizando-se
a radiação solar. Também podem ser considerados, nestes casos, os ganhos
internos de calor pelos seus ocupantes e de outras fontes de calor (fogões,
lâmpadas). O autor reforça que
a própria capacidade da edificação de estocar calor ajuda a manter as
condições internas de conforto, mas quando a temperatura média máxima
diária cai abaixo de 15°C,
torna-se difícil encontrar internamente condições confortáveis durante o
dia, mesmo com disponibilidade de radiação solar e velocidades de ventos
baixas. Neste momento, só se
consegue alcançar condições favoráveis de conforto com a adoção de
outras formas de aquecimento. Nesta
situação, são consideradas, além de outras variáveis climáticas, o
projeto da edificação. Para
EVANS, sistemas de aquecimento permanentes e isolamentos (evitar aumento de
perdas de calor) se tornam necessários quando a temperatura ao meio dia cai
abaixo de 10°C.
As estratégias de
aquecimento definidas por GONZALEZ et alli apud ANDRADE (1986), são
recomendadas para regiões onde as temperaturas mínimas extremas são menores
que 22°C.
A utilização de massa térmica da edificação, para armazenamento de
calor, é definida até o limite inferior de 14°C.
Abaixo deste valor de temperatura e acima de 10,5°C,
outro tipo de aquecimento passivo convencional deve ser implementado.
Neste intervalo é que preocupações com aspectos básicos de projeto,
para captação de calor, devem ser considerados, tais como: área/volume,
proporção de área de vidros, sítio, implantação e orientação, etc. Já WATSON e LABS (1983) recomendam a adoção de Aquecimento
Solar Passivo, quando a temperatura do ar externo atingir valores inferiores a
68°F
(20°C).
E consideram que casas, mesmo com pequena capacidade de estocar calor
internamente, conseguem manter níveis de conforto com temperaturas diárias
variando de 65°F
(18,33°C)
a 68°F
(20°C),
pois fontes internas conseguem normalmente subir em torno de 5°C,
oriundas de pessoas, cozimentos e outras atividades.
Denomina de “ponto de equilíbrio” aquele no qual uma edificação
não precisa perder nem ganhar calor, sob uma contribuição solar
específica. Este ponto de uma
edificação varia com o regime solar, nível de isolamento, impenetrabilidade
de ar, dentre outros fatores. Talvez
seja um meio de avaliar o sucesso do projeto de uma edificação, ao
utilizar-se uma análise bioclimática (ANDRADE, 1996). SZOKOLAY (1987) faz
referência à estudos desenvolvidos por pesquisadores onde relacionam
sistemas solares passivos com a taxa de ganho solar média diária.
O autor apresenta método que permite marcar, na carta bioclimática,
os valores limites de temperatura externa, que podem frente a uma radiação
solar definida, alcançar a temperatura de projeto neutra de 18,5°C
(Tn). Área de aberturas,
presença de isolamentos, taxas de perda de calor são exemplos de
características térmicas de cada edificação, das quais dependem os valores
acima descritos. Segundo GOULART (1993),
pode-se observar certa amenidade do inverno na região de Florianópolis.
Isto fica marcado pela probabilidade de ocorrência de apenas 10% de
temperaturas inferiores a 11,5°C
no mês de julho. De acordo com ANDRADE
(1996), pode-se afirmar que, na região em estudo, somente após análises de
todas as temperaturas diárias durante o ano ter-se-á uma visão mais precisa
de qual tipo de estratégia de aquecimento é mais adequada e qual sua
porcentagem, para priorizar uma solução mais importante.
Os níveis de nebulosidade nos meses de inverno são menores que nas
estações quentes. segundo os dados climáticos de GOULART (1993).
Este aspecto responde por uma insolação razoável, apesar de
caracterizar-se como uma estação fria e úmida, com presença de chuvas,
diferentemente da maioria dos climas compostos.
Em muitas ocasiões, geralmente em presença das temperaturas mais
baixas, a ocorrência de chuvas por vários dias consecutivos compromete a
eficiência desta estratégia, que apresenta a radiação solar como principal
fonte de energia. Relacionando todos os
parâmetros acima, pode-se sintetizar que quando a temperatura das médias
máximas diárias atingir valores menores que 15°C,
ou a temperatura do dia atingir valores menores que 14°C,
deve-se buscar soluções de projeto que amenizem o clima interno.
Nestas condições, somente a massa térmica, não é suficiente para
manter níveis internos de conforto. Já
abaixo de 10,5°C,
deve-se pensar em fontes de calor internas artificiais ou mesmo sistemas mais
complexos de aquecimento passivo. Entretanto, caso a freqüência destas condições seja muito
pequena, deve-se calcular a relação custo x benefício da solução a ser
escolhida. A utilização
anterior de todos os parâmetros de projeto, é muito importante para que se
possa obter soluções otimizadas, tanto nos custos de instalação de
sistemas quanto no consumo de energia da edificação gasto para manter
ambientes internos confortáveis.
2.1.5.5
Estratégia de Aquecimento Convencional / Artificial Recomenda-se o sistema de
aquecimento convencional quando as condições ambientais internas não
conseguem atingir níveis confortáveis através dos sistemas de aquecimento
solar passivo que estendam-se a todos os ambientes da edificação. GIVONI apud ANDRADE
(1976) determina que a necessidade de aquecimento depende de muitos fatores,
tais como atividade, idade, aclimatação, padrões de moradias, vestimentas
dos habitantes, dentre outros. Mas
salienta que a umidade tem papel importante, pois frio seco é mais tolerável
que frio úmido, e exemplifica que em escolas no sul da África a temperatura
limite interna, abaixo da qual o aquecimento é necessário, é de 60°F
(16,5°C)
para climas secos. Esta
temperatura é registrado por termômetro de globo. O autor apresenta matematicamente uma relação para obter a
temperatura-limite externa equivalente, associando a esta a diferença entre
as temperaturas externas e internas, durante o período que se deseja estudar.
Para escritórios e moradias, ele define uma temperatura-limite interna
um pouco maior, em torno de 17°C
e 18°C,
para regiões secas e úmidas, respectivamente, e observa a importância dos
períodos a serem considerados nas moradias como a obtenção das temperaturas
nos períodos a partir do anoitecer. KOENIGSBERGER et alli
(1977), ao relatar sobre a aplicabilidade da estratégia, considera rara sua
utilização em climas tropicais. Porém,
para climas tropicais de altura, esta é uma estratégia muitas vezes
necessária, pois o calor armazenado pela estrutura nem sempre torna-se
suficiente para assegurar o conforto interno.
Mas o autor acrescenta que o déficit é tão pequeno, que uma
edificação com projeto e construção adequados, associadas a fontes normais
de calor dentro de uma moradia, trariam as condições de conforto
desejáveis.
GIVONI e MILNE (1979)
comentam a solução para atingir condições de conforto utilizando o sistema
de aquecimento solar ativo. Pelo
qual, por meio de dutos e ventiladores, consegue distribuir calor por toda a
edificação, coletado em fachadas extremamente insolaradas.
Este é um sistema de instalação muito cara, que exige um nível de
insolação alto por todo o inverno. Por
estes aspectos, os métodos de aquecimentos convencionais passam a ser
competitivos e recomendados. EVANS apud ANDRADE
(1980), quando refere-se à instalação de sistemas de aquecimento, comenta
da dificuldade de sua escolha. Porém,
define como desejável sua instalação quando a temperatura média diária
atinge valores menores que 10°C,
por dois meses ou mais. EVANS
(1988) descreve que a demanda para utilização de calefação deveria ser
medida pelo número de graus dias x ano, índice este que indicaria a
duração e severidade do inverno, e estabeleceria parâmetros, considerando
como marcas os dias cujas temperaturas médias atinjam valores inferiores a 14°C
e temperaturas mínimas menores que 9°C.
Estes valores permitiriam calcular a demanda anual requerida para
utilização de calefação. Segundo estudos de
GOULART (1993), existe 10% de probabilidade de ocorrerem temperaturas menores
que 10°C
em junho e julho, e menores que 13°C
em agosto, não representado um valor muito considerável para os meses de
inverno. Porém, pode-se afirmar que, pela umidade apresentar-se com valor
muito alto até no inverno, este torna-se um fator agravante, transformando as
condições de obtenção de conforto no inverno mais precárias.
Para ANDRADE (1996), talvez em alguns dias sejam exigidos sistemas
adicionais de obtenção de calor, para os quais o aquecimento solar passivo
não consegue responder, embora a estação fria deste clima assemelhe-se
quanto à necessidade desta estratégia adicional, mais com um clima tropical
de altura do que um clima de intenso frio.
Faz-se necessário uma plotagem de todos os dados da estação fria de
um ano típico, na carta bioclimática, e só assim poder-se-ía concluir a
importância desta estratégia.
2.1.4.5.1 Problemas do
Aquecimento Artificial As fontes de calor que
geram a energia destes sistemas são diversas, porém, as oriundas da
combustão de gás, carvão, madeira ou mesmo óleo, podem transformar-se em
grandes perigos para a saúde dos ocupantes de um ambiente. Vários pesquisadores
comentam sobre estes sistemas e seus cuidados.
GIVONI, em WATSON apud ANDRADE (1979), alerta sobre o risco que
acompanha a combustão do oxigênio contido no ambiente.
A ausência de uma ventilação efetiva dentro do ambiente, poderá
asfixiar ou sufocar seus ocupantes, pela inalação da fumaça, ou ausência
do suprimento adequado de oxigênio. Outro
perigo é o risco de incêndios na edificação.
GIVONI recomenda a utilização de energia elétrica apesar dos gastos
que esta proporciona. Mesmo
apresentando-se pouco viável economicamente, a energia elétrica associada ao
aquecimento solar passivo, torna-se uma solução mais favorável, pois ocorre
redução acentuada de seu uso. Sua
limitação ocorre somente caso a energia elétrica não se apresente
compatível com a demanda necessária. KOENIGSBERGER et alii
(1977), quando descrevem os problemas da calefação, lançam a questão da
diminuição da umidade relativa dentro de um ambiente na utilização destes
sistemas, e alerta que, quando o ambiente frio é aquecido, automaticamente a
umidade relativa diminui. O mesmo ar aquecido tenderá a captar qualquer parte
de umidade disponível na cozinha, banheiros e pisos, e na pele dos ocupantes
de um ambiente. Cada pessoa pode
perder cerca de 45g de água por hora. EVANS apud ANDRADE (1980)
quando comenta sobre esta diminuição de umidade, a relaciona principalmente
a aquecedores elétricos ou que contenham chaminés que eliminam os produtos
da combustão. O autor
complementa que, quando o aquecimento é oriundo da combustão de gás ou
aquecedores a parafina, o problema é minimizado, pois um dos produtos da
combustão é a água. Outro problema decorrente
da calefação é a condensação, pois quando o ar é aquecido, ele rouba
umidade de outras fontes. Logo,
aumenta a umidade relativa e a temperatura do ponto de orvalho.
O ar assim, logo ao entrar em contato com as paredes frias da
edificação, condensa a umidade. KOENIGSBERGER
et alii (1977) salienta que este é um processo que ao iniciar-se, tende a
piorar, pois a parede úmida, aumenta sua condutividade, diminui sua
temperatura superficial e aumenta a condensação.
Este não é um problema decorrente somente da calefação, onde os
ambientes geralmente mantém-se fechados, para que não ocorra perda de calor.
Na região em estudo, pela umidade relativa ser muito alta, podem
ocorrer condensações. Esta se
dá, normalmente, frente a variações bruscas de temperatura, principalmente
em ambientes pouco ventilados ou mesmo com refrigeração artificial.
Para preservação do bem-estar e da saúde de seus ocupantes, é
importante que a ventilação ou troca de ar seja providenciada adequadamente
em todos os sistemas.
2.1.5.6
Estratégia de Umidificação A função desta
estratégia é não comprometer a saúde dos ocupantes de um ambiente e ajudar
na sensação de conforto em climas muito secos ou ambientes cuja umidade
atinja níveis abaixo que o recomendado pelo aquecimento artificial. EVANS apud ANDRADE (1980)
recomenda umidificação em regiões onde a temperatura externa cai abaixo de
zero, pois em climas frios a umidade relativa geralmente cai a níveis
desconfortáveis. A umidade
absoluta dentro das moradias, apresenta-se naturalmente maior que a do
ambiente externo, causada pela redução da taxa de ventilação do ar externo
e a existência de fontes internas de umidade dentro das moradias. O autor exemplifica que quando um ambiente com temperatura
5,0°C
negativos e com 100% de umidade relativa é aquecido a uma temperatura de 20,0°C,
sua umidade relativa cai abaixo de 15%. Nas
condições acima descritas, GONZALEZ et alli apud ANDRADE (1986) recomendam o
aumento da umidade, porém sem diminuir o calor sensível, pois com o aumento
da umidade geralmente ocorre diminuição da temperatura do ambiente, pela
própria transformação do calor sensível em calor latente, procurando-se
evitar assim, o mal-estar causado principalmente por irritação da pele. Posteriormente, em 1988,
EVANS apud ANDRADE, recomenda a utilização de umidificação quando a
temperatura apresenta-se menor que 27°C
e a umidade relativa abaixo de 20%, pois a falta de vapor de água causa
desconforto. O autor salienta que a utilização do resfriamento
evaporativo, nestes casos melhora a sensação de conforto, e para climas
frios, com temperaturas inferiores a 5°C,
a calefação do ar diminui os níveis de umidade relativa, mantendo a mesma
umidade absoluta, e recomendando que, abaixo deste valor, deve haver
preocupação de umidificar o ambiente. A umidade afeta a
evaporação do suor da pele, responsável pela regulação da temperatura do
corpo, que é afetada pelo controle do poder evaporativo do ar.
Porém, a falta de um nível de umidade adequado não é, certamente,
uma preocupação que os dados climáticos da região apresentem como
parâmetros, mostrando-se mais comumente como um ano climático com ausência
de estação seca, com níveis altos de umidade. O clima de Florianópolis
não necessita desta estratégia. A
própria estratégia de resfriamento evaporativo de forma direta, como já foi
visto, é desaconselhável neste clima. Através
dos dados de GOULART (1993), pode-se concluir que não é comum o frio atingir
temperaturas abaixo de zero, deste modo, não deve-se ter grande preocupação
com a queda de umidade provocada pelo aquecimento nos meses onde se tem frio.
2.1.5.7
Estratégia de Ar Condicionado O ar condicionado não
faz parte de uma estratégia relacionada com uma preocupação com o projeto
bioclimático, retratando uma condição climática que não consegue ser
atendida por nenhuma estratégia de resfriamento natural ou pela própria
ausência de ventos. EVANS apud ANDRADE (1980)
determina que, quando a temperatura é tão quente que nem movimento de ar,
nem capacidade térmica conseguem ser utilizados para alcançar conforto,
ajudas podem ser efetuadas por sistemas mecânicos, como umidificadores ou
condicionadores de ar, e conclui que a temperatura, sobre a qual condições
naturais não são efetivas para obter conforto, não pode ser apurada com
muita precisão, variam conforme condições climáticas de cada região. FEUSTEL et alli apud
ANDRADE (1992) relatam que, mesmo em circunstâncias nas quais compressores
mecânicos não pode ser eliminados, métodos de resfriamento alternativos
surgem para oferecer compressores de menor potência e com redução no tempo
de operação. Os autores
apresentam um estudo que revisa todas as formas de resfriamento mecânico
associadas a estratégia de resfriamento passivo, buscando uma escolha que
obtenha melhor performance junto a cada tipo de clima.
Organizam o estudo destes métodos alternativos em quatro tipos:
baseados nos princípios físicos empregados de resfriamento por evaporação,
transporte de calor, isolamento e estocagem.
Deve-se buscar o projeto
bioclimático, em qualquer clima e região, para amenizar as condições
climáticas externas, mesmo que o projeto não consiga responder por todas as
solicitações. A importância
desta preocupação encontra-se na minimização de dispêndios de energia no
esforço de atingir condições ideais de conforto. A estratégia de
Resfriamento Radiante não apresenta-se como zona da carta bioclimática
adotada. No entanto, na carta de
WATSON e LABS (1983), ela aparece entre a estratégia de resfriamento
evaporativo e de massa térmica para resfriamento. Outra estratégia ausente na carta adotada
é o sombreamento. Sua
utilização requer uma série de cuidados a serem seguidos, variando muito
com o local, a edificação, seu uso e o meio que a circunda.
2.1.6
Índices de Conforto Térmico
2.1.6.1
Voto Médio Estimado (PMV): É o índice que
representa os votos de uma grande quantidade de pessoas, anotados em uma
escala de sete pontos de sensações térmicas, como a sugerida pela ASHRAE
apud XAVIER (1997):
Este índice pode ser obtido pela equação do PMV (eq. 1, apud XAVIER, 1997) que foi desenvolvida da teoria de trocas térmicas e balanço de calor. Em estudos realizados na Dinamarca, em 1970, Fanger utilizou-se da câmara climatizada para testes com mais de 1.300 pessoas (estudantes) usando roupas (uniformes) padronizados, desempenhando atividade sedentária (1,2 Met), os quais foram submetidos à sessões de 3 horas na câmara com condições ambientais controladas. PMV = [0,303exp(-0,036M)m
+ 0,028].L
[1]
O Voto Médio Estimado
pode ser obtido quando já se conhece a atividade (taxa metabólica), a
vestimenta (isolamento térmico) e as quatro variáveis ambientais
(temperatura do ar, temperatura radiante média, velocidade do ar e umidade
relativa do ar). O PMV, é derivado de
condições de estado estacionário de trocas térmicas, mas pode ser aplicado
com boa aproximação durante o período prévio de uma hora de sua
determinação. Segundo a ISO 7730 (apud
XAVIER, 1997) é recomendável somente a utilização do PMV entre os valores
que vão de -2 a +2 da escala de sensações da ASHRAE e que estejam entre o
intervalo dos seis parâmetros descritos abaixo:
M = 46 a 232 W/m2 (0,8 a 4 met)
Icl = 0 a 2 clo (0a 0,31m2.°C/W)
tar = 10 a 30°C
trm = 10 a 40°C
var = 0 a 1 m/s
pa = 0 a 2700 Pa De acordo com a ISO 7730
(apud XAVIER, 1997), o PMV pode ser calculado utilizando-se a expressão
acima; um programa computacional; uma tabela onde o PMV é dado em função da
atividade, vestimentas, velocidades relativas do ar e temperativa operativa;
ou através de um.sensor integrador.
2.1.6.2
Porcentagem de Pessoas Insatisfeitas (PPD): O PPD é um índice de
conforto térmico, derivado do cálculo do PMV, o qual estima a quantidade de
pessoas, dentro de um grande grupo, que estão insatisfeitos termicamente com
o ambiente. O PPD é o índice
que fornece a porcentagem dessas pessoas que estão se sentindo
inconfortáveis termicamente, ou seja, seus votos de conforto na tabela de
sensações da ASHRAE, seriam +3, +2, -2 e -3. Quando o PMV estiver
calculado, o PPD pode ser obtido pelo gráfico constante na ISO 7730, ou
anliticamente, pela seguinte expressão (apud XAVIER, 1997):
PPD = 100 - 95 . exp[-(0,03353
. PMV4 + 0,2179 . PMV2)]
[2]
Como o PPD representa a porcentagem de pessoas insatifeitas com o ambiente térmico, as pessoas restantes encontram-se termicamente neutras, levemente aquecidas ou levemente com frio, com votos de sensação de +1, 0 ou -1. De acordo com a ISO 7730 (apud XAVIER, 1997), um ambiente é considerado aceitável termicamente, quando ele satisfaça pelo menos 90% de seus ocupantes. . |