O déficit de moradias é um problema que ainda está longe de ser resolvido no Brasil. Além disso, os empreendimentos institucionais que promovem a habitação para as classes de baixa renda são em geral de baixa qualidade construtiva e não atendem às necessidades de seus usuários, especialmente quanto às condições de conforto térmico. As mesmas soluções vem sendo repetidas a décadas e em todo o território nacional, o que demonstra a desconsideração das situações climáticas, culturais e sociais específicas de cada região. O presente trabalho pretende contribuir para a melhoria deste quadro a partir da investigação das condições de conforto térmico das moradias de interesse social na região de Florianópolis. O ponto de partida foi a caracterização das condições climáticas da região estudada e a definição das estratégias bioclimáticas recomendáveis para o local. Em seguida, realizou-se um estudo de caso  (medições e monitorações de duas variáveis ambientais: temperatura e umidade relativa do ar) em unidades habitacionais unifamiliares (casas) e multifamiliares (apartamentos) do Conjunto Habitacional Bela Vista. Os resultados obtidos evidenciaram a inadequação das moradias frente ao clima local. O desconforto térmico no ambiente construído esteve presente na maior parte das horas analisadas, principalmente no verão. Esses resultados demonstram a necessidade de modificações tipológicas nas edificações destinadas à moradia de interesse social, de modo a atender mais satisfatoriamente as estratégias bioclimáticas recomendáveis para o clima local. Com este objetivo, foram traçadas recomendações para a adequação climática de futuros projetos de conjuntos habitacionais à região de Florianópolis.

 

Palavras-chave: bioclimatologia, conforto térmico, habitação social