|
|
Adequação Climática Recomendações
A
partir da plotagem dos dados monitorados nas unidades habitacionais e da
temperatura externa na carta psicrométrica, evidencia-se que a estratégia
principal para combater o desconforto térmico nas habitações de interesse
social da região de Florianópolis é garantir a captação dos ventos.
A ventilação é necessária tanto para reduzir o calor recebido do meio
externo, quanto para reduzir o calor gerado no meio interno, uma vez que o
volume interno dessas habitações é em geral muito baixo para garantir uma
dispersão adequada do calor gerado pelos usuários e equipamentos instalados
na moradia. Junto com a ventilação, é recomendável promover o
sombreamento das superfícies expostas à insolação indesejada. Uma
questão preliminar é a avaliação do microclima do sítio onde se
pretende implantar o
conjunto habitacional. Como a ventilação natural é fundamental para
proporcionar o conforto térmico nas moradias, é necessário que o sítio
não apresente barreiras naturais ou
artificiais barrando a passagem dos ventos favoráveis. A
partir da escolha de um sítio adequado, outra questão fundamental é a escolha
da tipologia da habitação. As tipologias que apresentam plantas baixas
mais delgadas favorecem a ventilação cruzada nos ambientes. Para unidades
unifamiliares, a tipologia de sobrados pode garantir melhor isolamento
térmico dos ambientes situados no pavimento térreo. Além disso, é
possível manter abertas as janelas dos ambientes do pavimento superior à
noite, conciliando a necessidade de ventilação com a de segurança contra
roubos. É preciso ainda cuidar do isolamento térmico da cobertura,
visto que é a superfície externa mais exposta à radiação solar. Para
tipologias multifamiliares, é importante tratar do agrupamento das
unidades habitacionais em cada pavimento, bem como do agrupamento dos
volumes, de modo a garantir a ventilação cruzada no interior dos
ambientes de cada moradia. Um
elemento complicador para o conforto térmico das casas isoladas no lote são
os afastamentos e recuos da edificação em relação ao lote.
Uma situação que parece satisfatória enquanto as edificações
permanecem originais, em pouco tempo pode se tornar conflituosa, visto que é
comum as habitações de interesse social sofrerem ampliações, apesar das
dimensões mínimas do lote. A
captação de ventos e mesmo da insolação desejada nas aberturas voltadas
para os afastamentos laterais pode se tornar dificultada, quando as
ampliações das edificações vizinhas eliminam esses afastamentos. Outro
problema pode ocorrer quando as dimensões do lote permitem a construção de
uma edícula nos fundos do lote, porém sem garantir uma adequada exposição
aos ventos para as aberturas voltadas ao espaço residual gerado entre a
edícula e os fundos da casa principal. É fundamental, portanto, que a
escolha tipológica seja acompanhada de um estudo da evolução das moradias e
de seu entorno, de modo a preservar as condições de conforto térmico
aos usuários. Para
garantir a captação dos ventos e a sua fluidez no interior da habitação é
necessário estudar a implantação da edificação de modo a voltar o
maior número possível das aberturas para a direção dos ventos favoráveis,
desde que esta decisão se harmonize com as condições favoráveis de
insolação. Espaços
internos menos compartimentados, paredes a meia altura e dispositivos como
venezianas ou basculantes no alto das paredes ou das portas, contribuem para a
fluidez do ar de um ambiente para outro e para o meio externo. As aberturas merecem estudo cuidadoso
por serem os elementos que mais promovem as trocas de calor com o meio externo
e que possibilitam o controle da captação dos ventos e da insolação no
interior dos ambientes. Sua eficácia em termos de conforto térmico depende
da adequação no dimensionamento, na localização, na orientação e no
sombreamento. É comum adotar-se nas aberturas de habitações de interesse
social as dimensões mínimas estabelecidas em normas. No entanto, entendemos
que dimensões maiores em orientações favoráveis (norte e sul) poderiam ser
mais eficazes para o conforto térmico dos usuários, sem provocarem aumentos
significativos nos custos. Aberturas em diferentes níveis
servem para gerar um fluxo de ar no interior da edificação, promovendo a
retirada do ar quente, que se acumula nas partes mais altas dos ambientes, e o
ingresso do ar mais frio do meio externo, durante à noite. Com este objetivo
podem ser exploradas as aberturas junto à cobertura, que, além de
contribuir para a ventilação, servem também para melhorar a iluminação
natural dos ambientes. O uso de janelas com bandeiras basculantes
possibilita a ventilação permanente dos ambientes sem descuidar da questão
da segurança. Para
garantir o sombreamento das aberturas, benéfico durante o verão,
recomenda-se a exploração de elementos arquitetônicos que possam aliar ao
conforto térmico, questões estéticas e funcionais, tais como o emprego de
varandas, beirais, brises, venezianas, entre outros. Reentrâncias e saliências no volume da edificação
também podem contribuir para o sombreamento de aberturas, além de servir
para orientar a entrada do fluxo de ar, quando a abertura não está voltada
diretamente para a direção dos ventos predominantes. Elementos de
vegetação, como árvores de folhas caducas, podem favorecer o
sombreamento de aberturas nos meses de verão sem causar obstrução à
iluminação natural, além de garantir a insolação desejada nos meses de
inverno. Considerando-se
o fato de que os empreendimentos destinados às habitações de interesse
social em geral envolvem um número elevado de unidades, é recomendável o
emprego de soluções diferentes para situações diferentes de
orientação, de sombreamento, de características do sítio, etc., nas
unidades de um mesmo conjunto e em diferentes conjuntos. Desta forma, é
possível adequar cada unidade às condições de conforto distintas a que ela
está sujeita, além de evitar custos desnecessários e a padronização
excessiva das unidades. O
tratamento das fachadas e da cobertura com cores claras e materiais
adequados aumenta a reflexão da radiação solar, reduzindo os ganhos de
calor através dos elementos de vedação. Neste trabalho, não estamos
enfatizando a questão da adequação dos materiais construtivos para o
conforto térmico das habitações de interesse social, visto que normas
recém elaboradas já definem as condições de desempenho térmico mínimo
para os materiais empregados neste tipo de edificações.
6.1
PREMISSAS PROJETUAIS PARA O CONFORTO TÉRMICO DAS HABITAÇÕES DE INTERESSE
SOCIAL NA REGIÃO DE FLORIANÓPOLIS As
premissas apresentadas neste trabalho foram elaboradas a partir da definição
das estratégicas bioclimáticas para a região de Florianópolis e das
avaliações qualitativas e quantitativas dos dados levantados no estudo de
caso no Conjunto Habitacional Bela Vista. O
objetivo principal deste trabalho é orientar a atividade projetual destinada
à habitação de interesse social na área estudada, de modo a favorecer as
condições de conforto térmico das edificações ao longo do ano. Por se
tratar de um clima complexo, que apresenta períodos de desconforto tanto pelo
calor como pelo frio, buscou-se definir premissas projetuais que adeqüem as
habitações às diferentes condições climáticas, levando-se em conta que o
desconforto pelo calor é mais freqüente e intenso que o desconforto
provocado pelo frio (PEREIRA, 1997). As
premissas foram definidas em cinco níveis, partindo-se de questões de
caráter macro-espacial do conjunto habitacional até chegar aos elementos
construtivos das unidades habitacionais. Para alcançar o conforto térmico
nas moradias, é necessário tratar conjuntamente as premissas em todos os
cinco níveis. Quando os condicionantes de projeto limitam a aplicação das
premissas em determinados níveis, é importante direcionar os esforços para
os demais níveis. As
premissas foram tratadas de modo a permitir diversas soluções para cada
situação específica de projeto. É importante considerar que para
situações diferentes convém o estudo de soluções distintas. 6.1.1
PREMISSAS 6.1.1.1
ESCOLHA DO SÍTIO
6.1.1.2 PARCELAMENTO DO SOLO E TRAÇADO URBANO
6.1.1.3
ESCOLHA TIPOLÓGICA
²
Unidades habitacionais unifamiliares:
a)
Isoladas
(ver Fig. 38):
b)
Agrupadas:
b.1) horizontalmente: em fita
(ver
Fig. 39), conjugadas (ver Fig. 40):
6.1.1.4 ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS a) Aberturas: servem para o controle da captação de ventos e
insolação.
b) Elementos de obstrução: servem para obstruir ventos e
insolação indesejáveis (ver Fig. 44).
Exemplos: beirais, brises, vegetação, marquises, varandas, venezianas,
reentrâncias/saliências no volume da edificação.
c) Organização dos ambientes internos:
a)
minimizar a
compartimentação dos espaços internos;
b)
empregar dispositivos que permitam a passagem do ar através das
aberturas internas e das paredes/divisórias internas, como, por exemplo,
elementos vazados, janelas basculantes, venezianas, paredes a meia altura.
6.1.1.5
MATERIAIS
|