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Adequação Climática

Conclusões

 

Comportamento das casas no verão:

De uma forma geral, as temperaturas internas das casas apresentaram um comportamento bastante semelhante entre si, durante todo o período da monitoração de verão. A maior diferença de temperatura entre as casas, num mesmo instante, não ultrapassou 2ºC.

Durante o período da manhã, as temperaturas internas acompanharam de modo praticamente instantâneo a variação da temperatura externa, alcançando valores máximos muito próximos à temperatura externa. Em alguns momentos as temperaturas internas atingiram valores mais altos que a temperatura externa.

Durante os períodos da tarde e da noite, o decréscimo das temperaturas internas não se deu com tanta intensidade e de modo tão instantâneo em relação à queda da temperatura externa.

Todas as casas apresentaram um número de horas de desconforto (acima de 80% das horas monitoradas) bem superior ao da temperatura externa (52% das horas monitoradas). No entanto, a duração do desconforto pelo calor nas casas foi ligeiramente inferior ao dos apartamentos. Quanto à intensidade média do desconforto, as casas em geral apresentaram valores mais baixos (entre 1,7ºC e 2,4ºC) do que os apartamentos (entre 1,4ºC e 3,7ºC) e do que a temperatura externa (3ºC).

Esse comportamento evidencia que as casas têm grande facilidade de ganhar calor do meio externo durante o dia e relativa facilidade de perder calor durante à noite. Essas características parecem decorrer do fato de que a tipologia de casas isoladas no lote apresentam a cobertura e todas as fachadas expostas ao sol e aos ventos, favorecendo assim tanto o ganho quanto a perda de calor por influência do meio externo.

Essa situação é favorecida pelo fato das casas estarem inseridas num conjunto de unidades semelhantes, de modo que o seu entorno praticamente não apresenta elementos de obstrução ao sol e aos ventos. No entanto, o fato de que as temperaturas internas não se aproximaram dos valores mínimos da temperatura externa, durante à noite, parece indicar que as aberturas e/ou o seu uso apresentam deficiências para perder calor para o meio exterior. É provável que, por questão de segurança, as janelas não são mantidas abertas durante à noite, já que a maioria das casas monitoradas são térreas.

 

Comportamento das casas no inverno:

De uma forma geral, percebe-se que há um distanciamento entre as curvas de temperaturas internas bem mais acentuado do que no verão. Este distanciamento é mais evidente nos trechos em que as temperaturas estão decrescendo.

Durante o período da manhã, assim como ocorreu no verão, as temperaturas internas apresentaram uma resposta rápida ao aumento da temperatura externa, porém atingindo valores máximos mais diferenciados entre as unidades. Algumas delas, chegaram a apresentar valores máximos superiores aos da temperatura externa, em alguns momentos.

Durante os períodos da tarde e da noite, as quedas das temperaturas internas não foram tão acentuadas nem tão instantâneas quanto o decréscimo da temperatura externa. Nestes períodos, observou-se diferenças acentuadas entre as temperaturas internas, superando 4ºC. Essas diferenças talvez sejam decorrentes do uso diferenciado das aberturas, de modo que algumas casas conseguiram conservar maior calor que outras.

A análise de desconforto pelo frio apresentou resultados bem diferentes dos obtidos no verão em relação ao desconforto pelo calor. No inverno, a duração e a intensidade do desconforto das temperaturas internas foram baixas, bem inferiores aos valores apresentados pela temperatura externa. Esse fato indica que, na região de Florianópolis, a necessidade de favorecer a perda de calor no verão é mais importante  do que a de combater a perda de calor no inverno, para garantir o conforto aos usuários das habitações de interesse social.

 

Comportamento dos apartamentos no verão:

Diferentemente do que se observou nas casas, ocorreu uma diferença acentuada entre os comportamentos das temperaturas internas dos apartamentos. A maior diferença de temperatura entre os apartamentos, num mesmo instante, atingiu aproximadamente  4ºC.

De modo semelhante às casas, os apartamentos também apresentaram facilidade em ganhar calor, à medida em que a temperatura externa se elevava, alcançando valores máximos próximos ao valor máximo da temperatura externa. No entanto, quando a temperatura externa decrescia, somente alguns aparelhos conseguiam registrar temperaturas internas com quedas mais acentuadas, mesmo assim sempre mantendo-se acima da temperatura externa.

O gráfico das amplitudes térmicas demonstra claramente a diferença de comportamento entre as casas e os apartamentos. Estes apresentaram baixas amplitudes, cuja média se aproxima de 2ºC. Já as casas apresentaram amplitudes térmicas bem superiores, com uma média de aproximadamente 3,5ºC.

A facilidade dos apartamentos em ganhar calor e a sua dificuldade em perder calor geraram valores elevados de desconforto no verão. A maioria deles apresentou 100% das horas monitoradas em situação de desconforto pelo calor, enquanto que a temperatura externa apresentou apenas 52% de horas de desconforto.

Essas características parecem decorrer da tipologia adotada nos apartamentos. Cada pavimento é composto por quatro unidades habitacionais com plantas baixas rebatidas duas a duas, sendo que cada unidade possui apenas três fachadas expostas às intempéries. Uma dessas fachadas apresenta baixo grau de exposição, pois está voltada para uma reentrância no volume da edificação. Apenas os apartamentos de cobertura apresentam mais uma superfície exposta. Essa tipologia não favorece a ventilação cruzada dos ambientes, diminuindo assim as chances do meio interno perder calor para o meio externo.

Além disso, o agrupamento de blocos muito próximos entre si dificulta a passagem dos ventos entre as edificações.  Soma-se a isto o fato de que a carga de calor gerada internamente em função da presença dos usuários e de equipamentos é distribuída por um volume interno pequeno (menos de 120 m3). As casas em geral sofreram ampliações, aumentando assim o seu volume interno, sem apresentar significativas alterações no valor da carga de calor produzida internamente.

Parece-nos que a justificativa para as diferenças de desempenho térmico entre os apartamentos não deve ser atribuída a uma variável isolada (orientação, nível  do pavimento, grau de sombreamento provocado pelo entorno, etc.) e sim ao conjunto de variáveis interdependentes.

 

Comportamento dos apartamentos no inverno:

De modo semelhante ao que ocorreu no verão, houve uma diferença acentuada no comportamento das temperaturas internas dos apartamentos. A maior diferença de temperatura entre os apartamentos atingiu aproximadamente 4ºC. Novamente, as temperaturas internas registraram oscilações bem menores que as da temperatura externa.

Os valores máximos das temperaturas internas estiveram próximos e até superiores aos picos máximos da temperatura externa, porém os valores mínimos se distanciaram bastante dos picos mínimos da temperatura externa, confirmando assim a dificuldade dos apartamentos em perder calor para o meio externo. Essa razão justifica o baixo índice de desconforto pelo frio verificado nos apartamentos durante o inverno.

 

Conclusões finais

Os resultados encontrados comprovaram a ineficiência na adequação das unidades frente ao clima local. O desconforto térmico no ambiente construído esteve presente na maior parte das horas analisadas principalmente no período de verão. 

Numa análise prévia pode-se concluir que as unidades unifamiliares tem a capacidade de variar mais suas temperaturas internas de acordo com a  temperatura externa. Já os apartamentos tem a facilidade de armanezar calor e consequentemente, dificuldade de perder este calor, fazendo com que suas temperaturas, de uma maneira geral, se apresentem maiores que as temperaturas das casas. A diferença de amplitudes entre as casas e os apartamentos parece ser decorrente das características de cada tipologia.

As análises comparativas que procuraram associar diferença de temperatura em relação à orientações distintas de exposição e em relação à diferença de nível (térreo x cobertura) não se mostraram como fatores que contribuíram isoladamente nesta relação com a variação da temperatura. Sendo assim, pode-se concluir que a variação de temperatura não está relacionada a uma condicionante específica, e sim a uma combinação destas condicionantes. Não é uma orientação, ou um nível, ou ainda, um material que irá determinar um desempenho térmico melhor de uma determinada edificação. O desenho do conjunto que proporcione o melhor arranjo destas combinações de condicionantes físico-espaciais é que será o fator decisivo para a melhoria das condições térmicas de um conjunto habitacional.