|
|
Políticas Abraão
FONTES PRECIOSAS ENTREVISTAS – ANTES DAS MUDANÇAS CHICO MENDES REURBANIZAÇÃO DATA:JUN/99
Para poder analisar o que as pessoas residentes nesta comunidade estão
pensando sobre as modificações que se realizam neste momento no local, foram
realizadas algumas entrevistas, onde se procurou conversar com as famílias
que vão ter suas casas retiradas da situação de risco e também com
famílias que, devido ao bom estado de suas edificações,
permanecerão onde estão.
Uma das lideranças, sr. Antônio, acompanhou e indicou quais seriam
estas famílias marcando um encontro para a realização das entrevistas.
Fig.
14- D. Cerly seu marido e neto
Na primeira casa, localizada em um lugar bastante perigoso por se
tratar de uma encosta, fomos recebidos pela D. Cerly e seu marido que prontamente
responderam nossas questões sobre suas expectativas com relação ao
novo lar.
Segundo eles, que são procedentes da cidade de Lages, e residem aqui
há sete anos, mesmo morando nas condições em que se encontram, a situação
está bem melhor do que antes, porque os meios para se obter dinheiro são
muito mais variados, sendo que as oportunidades de trabalho da sua cidade de
origem são bastante reduzidas. D. Cerly trabalha na frente de trabalho da
comunidade onde destaca a importância da preservação do meio ambiente já
que muitas das pessoas que moram ali acabam não tendo conhecimento ou outros
até mesmo por querer,
acabam prejudicando suas condições de saúde jogando lixos e restos
de materiais que poderiam ser reciclados, em locais inadequados.
Com relação à nova situação habitacional que vão vivenciar, diz
não se importar com o fato de morar em apartamento, mesmo porque já vivem
atualmente "colados" em seus vizinhos o que significa que a vida em
condomínio na sua visão não terá muitas novidades a não ser o próprio
apartamento, que oferecerá novas condições de higiene e segurança. Quando
questionada sobre o trabalho de consulta e divulgação de como ficaria a
comunidade com as novas modificações, realizado pela Prefeitura, disseram
que estavam bastante contentes com a preocupação dos técnicos que foram de
casa em casa para cadastrar todas as famílias e detectar problemas.
Para eles, o grande ponto negativo de morar no Chico Mendes é
com relação às drogas, pois os traficantes são muitos e isto os
deixa bastante inseguros por causa de seus netos, já que as crianças são
muito utilizadas pelos infratores. No entanto, reforçam que o grande ponto
positivo é sem dúvidas a localização da comunidade, na medida em que se
encontra num local onde o entorno está se desenvolvendo bastante e com isto
aumentam as chances de trabalho e melhoria o abastecimento de suas
necessidades básicas.
ENTREVISTA: NOSSA SENHORA DA GLÓRIA DATA: jun/99
Fig.15
- Seu José Pontes e sua família
Outra casa que será derrubada não por estar em local perigoso mas sim
por ser a própria casa um perigo para seus moradores, é a do seu José
Pontes que veio de Campos Novos. Na noite anterior a esta entrevista, algumas
madeiras do telhado haviam caído
sobre seu filho pequeno. Por isso, ao nos ver, ele pediu ajuda para que uma
pequena casa pudesse ser construída até que seu novo lar ficasse pronto. Sua
casa está literalmente caindo sobre eles, e como seu José já é uma pessoa
idosa, não tem mais condições de construir sozinho outro lugar.
Sua maior reclamação é porque a Prefeitura ainda não o ajudou, pois
o novo projeto para onde ele e sua família serão removidos vai demorar um
pouco para ficar pronto e até lá seu José
reza para que a casa não caia sobre eles.
Algumas imagens foram registradas para mostrar como está a situação
no momento:
Fig.
16- Parte interna do telhado da casa que caiu
uma parte
Fig.17- Parte externa da casa cheia de escoras
ENTREVISTAS: NOVO HORIZONTE DATA: Jul/99
O projeto que já está em andamento na comunidade Chico Mendes poderia
também ser efetuado na Novo Horizonte. No entanto, seus moradores e
lideranças não concordaram com as modificações propostas; a Prefeitura
então recebeu uma contraproposta e várias reuniões foram realizadas até
que se chegassem a um acordo onde ambos
ficassem satisfeitos.
Fig.18-
D. Hortência e sua família
A primeira família entrevistada foi a da D. Hortência, eles são
oriundos da cidade de Lages e estão morando nesta comunidade há 25 anos. No
momento, sua casa está à venda porque eles já conseguiram cumprir seus
objetivos que eram primeiramente ter uma casa própria e fazer uma poupança
para depois poder voltar para sua cidade.
D. Hortência é catadora de papel e disse que morre de saudade de
Lages porque gosta muito do frio e pretende vender logo a casa aqui para
comprar um sitiozinho lá e criar galinhas, vacas como ela fazia antes. Ela
disse também que aqui é muito bom para fazer dinheiro, o que na sua cidade
não era possível.
Como pretendem logo ir embora, não têm a menor preocupação com as
modificações que vão se realizar no local. Disseram que a única
preocupação é se resolverem alargar a rua, o que necessitaria da derrubada da casa;
então, a indenização que viria poderia não ser a mesma quantidade que
ganhariam vendendo a casa para outra pessoa.
ENTREVISTA NOVO HORIZONTE
Fig.
–19- A casa de D. Márcia
Uma casa com uma fachada bastante diferente das demais nos
chamou a atenção, pois demostrava a preocupação de seu dono com o ambiente
em que mora se apropriando verdadeiramente do local, o que muitas vezes não
acontece nestes lugares. Então, resolvemos
entrevistar seus moradores.
Encontramos somente a dona da casa
D. Márcia que, no início, não demostrou muita vontade de dar
entrevista, mas aos poucos foi nos passando as informações que queríamos. Ela é natural de Campos Novos e, ao contrário de todas as
demais pessoas entrevistadas, não veio morar aqui exclusivamente por causa de
novas oportunidades e dinheiro, mas sim por problemas graves de saúde. Tem
uma deficiência cardíaca a qual precisa submeter-se a tratamentos e
futuramente até a uma cirurgia. E como precisava viajar para a capital,
decidiu-se mudar-se para cá. Seu marido é pedreiro e a idéia da fachada foi
dele, que segundo ela vive modificando e tentando melhorar a casa. Com relação às propostas de melhoria para a comunidade,
ela confessa estar totalmente por fora, porque além do hospital ela só sai
para ir para a igreja. Mas diz que se for para melhorar as modificações,
serão sempre bem-vindas. Sua maior preocupação é com relação aos
traficantes de droga que se utilizam das crianças para transportarem a droga
dentro dos colégios e dentro das comunidades.
ENTREVISTAS: VIA EXPRESSA - ATUALMENTE OS
ALOJAMENTOS AO LADO DO BIG SHOPPING ERRADICAÇÃO DATA: Jul/ 99
Outra comunidade que está passando por modificações é a antes
localizada às margens da Via Expressa, as quais foram retiradas e recolocadas
provisoriamente em
"barracões" até que novas edificações fossem levantadas.
Fig.20-
O casal do Rio Grande do Sul
Na primeira unidade que
chegamos, conversamos com um casal que veio do Rio Grande do Sul. Eles ficaram
muito contentes com a mudança, pois relataram que neste novo local
possuíam banheiro dentro de casa o que não acontecia no barraco onde
moravam, além de segundo eles saberem que vão para um lugar ainda melhor no
futuro.
As reclamações que vieram do local onde estão, diz respeito à falta
de privacidade resultante da tipologia, pois cada unidade ficava colada em
outras três, e sendo a construção feita com somente uma divisória de
madeira simples significa que se
pode ouvir tudo. Outro fator é o
relacionamento entre os vizinhos que, diferentemente da comunidade Chico
Mendes, a convivência se tornou
bastante difícil e muitas discussões acabaram acontecendo.
Também muitas reclamações foram feitas como, por exemplo,
a demora da construção do novo conjunto no Abrãao, pois eles estão
há três anos nestas condições, esperando.
ENTREVISTAS: VIA EXPRESSA - ATUALMENTE OS
ALOJAMENTOS AO LADO DO BIG SHOPPING DATA: Jul/99
Fig.21-
D. Gessi e suas filhas
Na segunda unidade que visitamos ficamos surpresas com as
condições de limpeza e organização do local, pois até o momento em todas
as casas que entramos a higiene não estava muito presente, além de também
sermos muito bem atendidas. D. Sueli veio morar aqui porque havia se separado
do marido e recebeu uma proposta de seu Valdemar que é uma das lideranças
dos barracões (que não se encontrava em casa no momento); então, ela se
mudou com as filhas e passou a
lutar juntamente com ele por uma vida melhor.
Ao se transferir para os barracões, reclamou da falta de
colaboração de algumas pessoas que não queriam pagar o talão da água
prejudicando todos os demais, e também da falta de privacidade já reclamada
por outros vizinhos, e da enorme quantidade de ratos devido ao lixo que é
jogado por todos lados.
Suas expectativas com relação ao novo conjunto são boas tendo apenas
algumas dúvidas por causa de suas filhas pequenas, porque como vão morar em
apartamento ela ficaria bastante preocupada quando as crianças fossem brincar
lá fora, já que ao morar em uma casa bastava abrir a porta para sair e ficar
no terreno sendo também bem mais fácil de cuidar.
ENTREVISTA:
VIA EXPRESSA
Fig.
22- Uma das moradoras e a bolsista
Nesta outra unidade entrevistou-se uma senhora que veio de Xanxerê
como os demais em busca de uma vida melhor. Seu marido possui uma carro que
faz frete. Então, ela disse que dinheiro sempre tem um pouco, e as coisas
melhoraram bastante para ela e sua família.
Reclamou do lixo e dos ratos existentes nos alojamentos. Por causa da
falta de educação de alguns que ali moram, não sabem limpar e organizar o
meio onde vivem. Também tem medo dos traficantes porque tem filhos
adolescentes que já foram ameaçados e um deles até foi espancado dentro da
própria escola, o que reforça sua vontade de ir embora daquele local.
Com relação à falta de privacidade, esta pode ser observada pelas
bolsistas que durante a entrevista, com esta senhora, ela perguntava o que
não sabia direito para a vizinha da seguinte maneira: "...falaram
pra nós que vamos nos mudar na semana que vem não é comadre?" "...
é, foi o que disseram. Esta,
estando em sua casa, respondeu prontamente o que significa que o tempo todo
ela estava ouvindo a entrevista". Fato este que se repetiu durante a
entrevista toda o que até engraçado se
tornou.
FONTES PRECIOSAS
ENTREVISTAS –
NOVAS UNIDADES
ERRADICAÇÃO NOVO CONJUNTO ABRAÃO
(
Antigos alojamentos ao lado do Big Shopping) Data:
Jan/2000
Nesta
nova etapa da pesquisa as entrevistas se fazem bastante necessárias para uma
avaliação pós-ocupação inicial referente às expectativas que existiam
antes da remoção para o novo conjunto Abraão. Tentou-se encontrar as mesmas
pessoas entrevistadas nos alojamentos para poder fazer uma comparação com os
dados obtidos, mas, isto só foi possível com uma família. As demais não
foram encontradas.
Fig.
23- Vista do acesso principal do conjunto Abraão
Fig.
24 – D. Adriana Oliveira Batista e suas filhas
A primeira família a ser visitada foi a da D. Adriana, que veio de
Xanxerê há oito meses e está residindo no conjunto há três. Na sua
unidade térrea, moram sete pessoas, três adultos e quatro crianças, sendo
que somente uma pessoa trabalha para o sustento de todas.
A unidade possui dois quartos, uma sala de estar/jantar integrada
também com a cozinha, uma área de serviço interna e um banheiro.
Inicialmente, segundo a moradora, a COHAB pretendia entregar o apartamento sem
repartições da sala para os quartos, mas, após reivindicações uma
divisória de madeira foi colocada. O piso era somente de cimento, mas agora
os moradores já conseguiram colocar revestimento, e também efetuaram uma
nova pintura. A lavanderia é pequena mas veio com o tanque, apresentando uma
grande deficiência de espaço para o varal, tendo as famílias que estenderem
as roupas em grandes varais comunitários lá fora e que já deram bastante
dor de cabeça pois muitas roupas foram
roubadas.
Quando questionada sobre quais os problemas que mais os incomodam, ela
afirmou que a parada de ônibus é muito longe principalmente com pacotes de
compras ou com chuva. A padaria também fica muito longe, existe posto de
saúde em frente ao conjunto mas o atendimento é ruim. Reclamações também
foram feitas sobre os próprios moradores principalmente jovens que se
utilizam de drogas e depois começam a depredar o apartamento dos outros.
D. Adriana elogiou o atendimento da assistência social desenvolvido
pelo DDS de Florianópolis, gostou bastante da creche existente em frente ao
conjunto, e de terem colocado telefone público no local que também não
tinha.
O pagamento começou desde o primeiro mês que
foram morar ali e a mensalidade para quem paga em dia é de R$ 35,00,
se atrasar passa para R$ 40,00, esta moradora está contente porque não está
com nenhuma prestação atrasada.
ENTREVISTA NOVO CONJUNTO ABRAÃO
(
Antigos alojamentos ao lado do Big Shopping) Data: Jan/
Fig.
25– D. Lucivani com seus dois flhos
D. Lucivani é irmã de D. Adriana e também veio de Xanxerê, mora com
seu marido e seus dois filhos pequenos nesta unidade que ao contrário de sua
irmã ainda não está terminada.
Ela relata os mesmos problemas que enfrenta com a distância da parada
de ônibus e do mercadinho, o mal atendimento do postinho de saúde e acha as
parcelas da unidade muito caras. Algumas fotos foram tiradas da unidade:
Fig.
26 – Área de serviço
Fig.27
– Quarto do casal
Fig.
28 – Banheiro sem ventilação direta
ENTREVISTA NOVO CONJUNTO ABRAÃO
(
Antigos alojamentos ao lado do Big Shopping) Data: Jan/2000
Fig.
29 – Corredor onde mora D.Enoema
Esta moradora não permitiu ser fotografada;
por isso, somente o corredor onde mora foi registrado. Ao entrar nesta
unidade, as bolsistas foram recebidas por uma mulher nova e muito bem arrumada
que se apresentou, no entanto, muito magoada. Então, após alguns minutos de
conversa, ela revelou que está se separando do marido e que toma conta da
casa de uma filha maior e uma filhinha de alguns meses totalmente sozinha. Diz
que gostaria muito de um apoio das assistentes sociais da Prefeitura.
Ela veio de Palmitos e mora em Florianópolis há cinco anos e meio,
diz gostar da unidade só que pelo preço que paga nas parcelas, preferia que
o revestimento do piso já viesse colocado, está morando no conjunto há
quatro meses apesar de seu sonho ter uma casa e não um apartamento, está
melhor do que antes nos alojamentos, pois agora tem mais higiene para suas
filhas. Reclama também do posto de saúde e disse que conseguiu vaga na
creche, mas foi difícil. Sua maior reclamação é sobre as esquadrias que
não possibilitam o uso de cadeados devido ao sistema de fechamento
facilitando a entrada de qualquer um.
ENTREVISTA NOVO CONJUNTO ABRAÃO
(
Antigos alojamentos ao lado do Big Shopping) Data: Jan/2000
Fig.
30– D. Gessi em seu novo lar
Fig.
31– D. Gessi anteriormente nos alojamentos
Esta foi a única pessoa que já havia sido entrevistada anteriormente
para se fazer a comparação. Ao contrário do que se pensava D. Gessi
aparentou melhores condições de higiene e relacionamento com os filhos na
primeira visita. Agora, contou até que foi entregue por um vizinho, porque
deixava seus filhos pequenos fechados em casa enquanto saía à noite para se
divertir. Disse que está devendo quatro meses de parcela porque ficou doente
e gastou muito com remédios e agora o advogado da COHAB mandou uma cartinha
avisando que quem não pagar vai ser mandado para a rua novamente. Os
moradores que estão devendo estão indignados, pois se eles já moravam em
condições ruins em barracões na beira da Via Expressa é porque não
possuíam condições alguma de pagar. No entanto, foram retirados de onde
estavam, levados para os
alojamentos e agora, apesar das melhores condições, eles têm que arcar com
o preço muito alto das parcelas.
Fig.
32– Visual existente enfrente ao conjunto
Fig.
33– Vista da creche e do posto de saúde
ENTREVISTA NOVO HORIZONTE REURBANIZAÇÃO Data: Fev/2000
Fig.
34– Vista da Novo Horizonte- casas derrubadas para a construção de novas
unidades.
A comunidade Novo Horizonte, ao contrário do que estão passando os
ex-moradores da Via-Expressa, saem de suas casas mas permanecem no mesmo
local, apenas têm suas moradias reconstruídas de maneira que o projeto
permite numa mesma área a colocação de mais unidades. Como mostra a foto a
seguir.
Fig.
36– D. Mercedes e sua filha
A única unidade nova que já havia alguém morando foi esta habitada
pela D. Mercedes sua filha e seu marido, eles são oriundos de Rio do Sul
sendo ela e seu marido aposentados, a filha que mora com eles também recebe uma
pensão por ter ficado com problemas mentais devido a um erro no parto.
Esta família recebeu sua unidade primeiro porque sua casa foi queimada
no incêndio acontecido em 98, juntamente com outras famílias residentes na
comunidade. Estão bastante satisfeitos com o local, e principalmente com a
assistência recebida pela Prefeitura tanto social como no tipo de pagamento
que só começará a ser efetuado quatro meses após a entrega das chaves.
A unidade possui na parte térrea: sala de estar/jantar integrada com a
cozinha, banheiro, área de serviços na parte externa, e na parte superior
dois quartos. Possui uma área enfrente à casa onde pode ser feito um jardim,
além de ser local mais seguro para as crianças brincarem.
Algumas
fotos tiradas da unidade:
Fig.
37– Quarto do casal
Fig.
38– Quarto da filha
ENTREVISTA CHICO MENDES REURBANIZAÇÃO Data: Fev/2000
Fig.
39– Núcleo onde na parte superior estão morando provisoriamente as pessoas
que tiveram suas casas refeitas
Na
comunidade Chico Mendes onde também está acontecendo a reurbanização, as
unidades ainda estão sendo construídas portanto, as entrevistas só puderam
ser realizadas com as pessoas que estão morando provisoriamente nos
apartamentos existentes na parte superior do núcleo que além desta função
tem como objetivo na parte térrea locais para creche e oficinas.
Fig.40
– D. Adriana Velasquez morando provisoriamente
Enquanto sua nova unidade está sendo construída D. Adriana o marido e
três filhos moram neste
apartamento no primeiro andar, foram uma das primeiras famílias a sairem de
onde se encontravam porque se tratava de uma área de risco. Eles vieram de
Caçador há dez anos e estão há um mês no novo local, o qual gostaram
bastante devido à segurança.
Quando questionada sobre morar em apartamento, um dos maiores
problemas é em relação às crianças que não têm onde brincar,
mesmo com a construção de um parquinho no térreo, ela não se sente segura
para deixar seus filhos descerem sozinhos já que muitas vezes viu adultos e
adolescentes usando crianças para o tráfego de drogas ou tentando
viciá-las. Outro problema que incomoda bastante
é a área de serviço que fica integrada à cozinha sendo muito
pequena, a roupa tem que ser estendida em varais fixados para fora da janela o
que vive gerando conflitos entre vizinhos, pois, quando um que mora na parte
de cima estende a roupa pingando, acaba molhando a roupa do vizinho debaixo. A
unidade tem uma sala de estar/jantar integrada à cozinha que é ligada
à área de serviço, um banheiro e dois quartos. Relata também apesar de estarem provisoriamente no local,
que a tinta à base de água utilizada nas paredes se torna
um problema, principalmente para quem tem criança e precisa passar
pano úmido para limpar. Está muito contente por não precisar pagar as parcelas de
sua nova unidade no mesmo mês que receber as chaves, mais sim quatro meses
depois. Isto porque pretendem guardar o dinheiro para comprar o revestimento
do piso que não vem colocado.
Fig.41
–Cozinha/ Área de serviço
Fig.
42– Banheiro
Fig.
43– Quarto do casal
ENTREVISTA CHICO MENDES Data: Fev/2000
Fig.
44 – Esta é a cozinha/ Área de serviço da D. Ogina
D. Ogina Gonçalves veio de Ituporanga há dezesseis anos, sendo que é
viúva há vinte oito anos; portanto, mora com uma filha e duas netas no
apartamento do segundo andar.
Sua maior reclamação é relacionada ao perigo existente na própria
comunidade devido ao tráfico, isto porque tem um neto menor de idade que
matou outro jovem para poder livrar seu irmão de doze anos que estava sendo
usado para o tráfico e para fazer programas com homens contra sua vontade.
Por isso, não permite que suas netas saiam para brincar fora do apartamento.
A área de serviço, como em outras unidades, é considerada bastante
precária, e também por gostar muito de plantas, sente falta de morar em uma
casa para poder cultivá-las de forma mais abundante.
Fig.45
– Banheiro apresentando vazamento
Fig.
46– Parte superior interna do telhado onde pode ser feito mais um ambiente
Fig.-
47- Detalhe da cobertura vista da sala
|